Encerrou nesta sexta-feira (15), a oficina sobre Mudanças Climáticas, que estava ocorrendo desde o dia 13 de outubro, na cidade de Manaus. Foram 3 dias intensos de debates. Lideranças de diversas partes da Amazônia destacaram a urgência de discutir ações concretas juntos dos governantes para minimizar impactos das mudanças climáticas que já é uma realidade nos territórios indígenas, e que vem causando preocupação nos maiores defensores da biodiversidade.
A coordenadora da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (Umiab), Telma Taurepang, enfatizou que as discussões sobre o clima tem que ser feita também dentro dos territórios, junto com as lideranças tradicionais, jovens, mulheres e crianças.
“Que esses debates sobre mudanças climáticas venham ser dentro das aldeias e comunidades, precisamos entender o que está acontecendo, já sentimos isso em nosso convívio, mas é necessário construir juntos com os governantes formas de enfrentar essas mudanças” disse Telma.
Durante o encontro foram realizados grupos de discussões sobre as diversas temáticas com propósito de esclarecer alguns pontos sobre as mudanças do clima, direitos indígenas, justiça climáticas e políticas de governanças nos estados para construção conjunta das lideranças junto às suas federações.
A líder indígena, Kaianakú Kamaiura, representante da Federação dos Povos Indígenas do Mato Grosso (Fepoimt), ressaltou que as mudanças do clima já estão afetando diretamente as vivências dentro dos territórios indígenas.
“A gente percebe através dos sinais, não conseguimos mais acompanhar nosso calendário tradicional, não conseguimos beber a água dos rios porque hoje elas estão poluídas. Os povos indígenas são os que mais contribuem para a manutenção da floresta, para a conservação da biodiversidade porque a gente depende dos nossos rios e da nossa floresta para tudo que vai se fazer, para comer, para tirar remédio” afirmou Kaianakú.
Na programação do evento também houve a apresentação da cartilha do fogo e do plano Plano de Ação da Coiab Contra Incêndios nos Territórios Indígenas da Amazônia Brasileira, de acordo com a coordenadora do Departamento Ambiental do Conselho Indígena de Roraima (Cir) e também integrante do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas da Articulação os Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sineia do Vale, do povo Wapichana, destaca que o plano de queimadas é um importante passo da Coiab principalmente para as brigadas que já estão em andamento.
“Essa é uma importante iniciativa da Coiab, pois já estamos trabalhando com as brigadas indígenas, estamos conseguindo equipar muitas delas, é ainda um grande desafio, outro ponto que isso traz é a parte do reflorestamento e dos viveiros de mudas de plantas, e isso está incluído nesse plano” pontuou Sineia.
Desde o acordo de Paris realizado em 2015 com assinatura de 195 países, entre eles o Brasil, muitos dos acordos assinados não foram cumpridos. O ano de 2021 será crucial para que estas decisões entre os Estados voltem a ser discutidas na Cop26, sendo assim, os líderes deverão assumir novos compromissos para diminuir os impactos das mudanças climáticas.
A gerente de projetos da Coiab, Mariazinha Baré, do povo Baré, ressaltou que o artigo 6 do acordo de Paris será um dos temas principais a serem novamente discutidos na Cop26.
“ É necessário que os países e a sociedade venham de fato assumir responsabilidades, refletir e colocar em prática todas ações que são viáveis para diminuir os impactos que já existem, precisamos proteger o nosso presente, para termos um futuro”, finalizou Mariazinha.
O evento faz parte da programação preparatória para o 26º encontro da Conferência das Partes da Convenção (COP26), a ser realizado no mês de novembro em Glasgow, na Escócia.
Ao final do encontro foi redigida um plano para enfrentamento das mudanças climáticas na Amazônia, a carta de Tarumã, que ainda está em construção. O documento deverá ser levado para as bases, organizações, estados e também para a Cop26.