Mediante os olhares atentos das lideranças dos 9 Estados da Amazônia, presentes na 21ª edição do Acampamento Terra Livre 2025, o Podáali – Fundo Indígena da Amazônia Brasileira lançou o “Prêmio Ciências Indígenas: Soluções Ancestrais pelo Clima, pela Amazônia e por Todas as Vidas”. O objetivo da premiação é reconhecer e valorizar as iniciativas dos povos indígenas no enfrentamento à crise climática.
A premiação integra a Campanha Indígena “A resposta somos nós”, liderada pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) na Amazônia, e tem como propósito promover, dar visibilidade e evidenciar as contribuições dos povos indígenas e de suas iniciativas no cuidado com as pessoas, os territórios e a Mãe Terra, alinhando conhecimentos e ciências ancestrais ao enfrentamento efetivo da crise climática.
Não haverá futuro ancestral se não agirem agora! Foi nesse tom que as crianças Yará Sateré e Luna Manchineri ecoaram suas vozes durante a cerimônia de lançamento, com canto sobre a preservação dos rios, das matas e dos animais, e o risco de extinção da biodiversidade se não houver ação imediata.
O momento foi marcado pela reflexão sobre a importância de que, cada vez mais, os povos indígenas sejam reconhecidos por seus trabalhos nos territórios, que promovem o equilíbrio do planeta, sendo essenciais para a sociedade.
O líder indígena e conselheiro fiscal do Podáali, Mário Nicácio, fez uma fala sobre o caminhar do Podáali na construção de estratégias para cumprir sua missão, pela qual foi criado: o de apoiar os povos indígenas.
“O Podáali vem mostrar, na prática, que é possível apoiar os projetos direto nos territórios, respeitando as diversidades de povos, e isso é graças a um trabalho coletivo junto às lideranças, e o prêmio é o resultado dessa construção”, refletiu Mário.
Os povos indígenas são especialistas quando se trata de soluções a partir dos conhecimentos ancestrais para enfrentar a mudança do tempo. O vice-coordenador da Coiab, Alcebias Sapará, ressaltou a relevância desse lançamento para os territórios.
“É das comunidades que saem as maiores aulas de estratégias, e esse passo que o Podáali dá, em mais um lançamento que visa reconhecer os conhecimentos indígenas, é muito importante e essencial”, ressaltou Alcebias.
Para a diretora-executiva do Fundo Podáali, Valéria Payé, o prêmio inédito é uma resposta prática, construída coletivamente, diante dos desafios da crise climática:
“Na Amazônia, todas as vidas são importantes, mas também a vida do nosso planeta, dos nossos territórios e da biodiversidade. As nossas ciências não são apenas saberes empíricos: elas têm papel decisivo no cuidado com todas as formas de vida. O prêmio reconhece isso — é uma forma de dar visibilidade ao que já está sendo feito dentro dos territórios.”, declarou Valéria Payé.
A vice-diretora do Fundo, Rose Apurinã, reforçou o papel das comunidades na construção de alternativas eficazes e sustentáveis para os próprios territórios:
“É com espírito de alegria e força coletiva, que parte diretamente dos povos indígenas, que lançamos esta premiação. Os saberes indígenas são fruto de muito esforço e do serviço que os povos indígenas prestam, não só às suas comunidades, mas à humanidade. O prêmio valoriza essas soluções e reconhece a importância da gestão dos nossos próprios projetos, com base na nossa forma de viver e cuidar da terra.”
O Prêmio “Ciências Indígenas: Soluções Ancestrais pelo Clima, pela Amazônia e por Todas as Vidas” premiará até 47 iniciativas, entre valores de R$ 20.000,00, R$ 40.000,00 e R$ 50.000,00.
As inscrições irão iniciar no dia 14 de abril e seguirão até 30 de maio, até às 23h59 (horário de Manaus).
Foto de capa: Bruninho Kaxuyana