Começou nesta terça-feira (13) e segue até o dia 15 de outubro, em Manaus, Amazonas, a Oficina de Mudanças Climáticas, promovida pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e pelo Indian Law Resource Center. O evento, parte da programação preparatória para o 26º encontro da Conferência das Partes da Convenção (COP26), a ser realizado no mês de novembro em Glasgow, na Escócia, reúne lideranças indígenas da Amazônia brasileira para discutir as mudanças climáticas em seus territórios e no planeta.
Na programação, temas como o impacto da política regional, nacional e internacional nas mudanças climáticas, mercados de carbono, direitos humanos e a importância da ocupação dos espaços internacionais são debatidos por especialistas indígenas e não indígenas e lideranças tradicionais, com participações de forma híbrida, parte presencial, parte de forma online.
A coordenadora geral da Coiab, Nara Baré, reforça a importância da participação das lideranças indígenas nos debates sobre mudanças climáticas, pois os maiores interessados nessa pauta são justamente os povos indígenas, que há anos, com suas práticas tradicionais, são os responsáveis pelo equilíbrio climático que está cada vez mais está afetado pela irresponsabilidade dos governantes.
“Este evento é uma preparação dos nossos líderes para a COP26 e também para que os mesmos possam fazer as incidências a nível local. Infelizmente, parte decisória desse processo, dessa crise climática que já estamos vivendo, é do Estado. O que está em nossas mãos é a proteção de nossos territórios, que já estamos fazendo há muito tempo. A ação direta do Estado para com a questão das mudanças climáticas está nas mãos dos líderes que estão nesses debates mundiais. É importante destacar que eles não podem deixar de fora a participação direta dos povos indígenas, pois é necessário a participação de quem mais protege a biodiversidade e que são os mais afetados com as mudanças do clima”, enfatizou Nara.
Toya Manchineri, assessor político da Coiab, explica que o evento é parte de uma ação a longo prazo para formar novas lideranças, unindo conhecimentos tradicionais aos científicos. “Faz parte desse novo momento da Coiab trazer essas informações e formar novas lideranças. Em sua maioria, as lideranças têm passado pela academia, nesse novo momento de utilizar os conhecimentos acadêmicos com nossos conhecimentos ancestrais na defesa dos direitos dos povos indígenas.”
Mudanças climáticas e povos indígenas
As mudanças climáticas já estão em curso e os impactos são devastadores nos territórios indígenas. Responsáveis pela conservação de 80% da biodiversidade do planeta, os povos indígenas presentes enfatizam a importância de ouvir os saberes tradicionais e trazem o alerta de que as mudanças climáticas podem ser irreversíveis.
“Agora não é apenas nós, povos indígenas, que estamos avisando sobre as mudanças do clima. A própria mãe natureza está mostrando de forma direta que as mudanças climáticas são uma realidade e o assunto precisa ser levado a sério. É necessária uma ação imediata dos Estados,” finalizou Nara Baré.