INFORMATIVO COIAB

O trabalho diário de levantamento e organização das informações com lideranças e profissionais da saúde indígena sobre os casos da Covid-19 revela uma dura realidade. “Dados mostram o crescimento assustador do vírus, vitimando muitos parentes. Apesar da omissão de muitos casos já confirmados, os registros do Boletim da Sesai já demonstram que a doença chegou nos territórios afetando comunidades inteiras. É muito dolorido acompanhar os casos em detalhe”, lamenta Valéria Paye, Assessoria Política da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

O povo Assurini está em luto. Nos últimos dias, quatro indígenas da Terra Indígena Trocará, no estado do Pará, faleceram pela Covid-19. Na sexta-feira (22), Ponokatu Assurini, mais conhecida como Dona Vanda, foi a primeira vítima. Segundo Sawataía Assurini, ela aguardava um leito de UTI, mas com a demora, não resistiu. No final de semana, mais dois indígenas da aldeia Trocará perderam suas vidas: Sakamiramé Assurini, um senhor de mais de 90 anos, e a parenta Iranoa Assurini. Hoje, o esposo de Ponakatu, a liderança Purake Assurini, que se encontrava em estado grave no Hospital Regional de Tucuruí, também faleceu.

Em nota, o povo Amanayé Ararand’ewar prestou solidariedade aos Assuniri e reafirmou que “estão juntos nessa batalha”. “Queremos também pedir que, na medida do possível, todos os nossos povos permaneçam nas suas aldeias. Essa é a única forma preventiva de nos livrar dessa pandemia”.

De sexta-feira (22) até hoje (25), lamentavelmente, foram 15 mortes de indígenas que vivem na Amazônia Brasileira entre os povos: Assurini (4) Munduruku do Pará (1), Warao (1), Macuxi (1), Xikrin (2), Wapichana (1) e Yanomami (1), e mais 4 óbitos de povos não identificados pela Sesai nas regiões do Alto Solimões (3) e do Alto Rio Negro (1).