Genocídio: povo yanomami sofre com mortes e doenças, causadas pelo garimpo ilegal em seu território

Publicada em: 16/11/2021 às 01:00

A reportagem do “Fantástico” que foi ao ar no último domingo (14), gravada na Terra Indígena Yanomami, a maior Terra Indígena do Brasil, situada nos estados de Roraima e Amazonas, mostrou a realidade inúmeras vezes já denunciada pela Hutukara Associação Yanomami.

Não é de hoje que lideranças do povo Yanomami denunciam que seus territórios estão sendo invadidos. Nos últimos meses o que se vê é a destruição das florestas, crianças desnutridas, o alastramento de doenças como a malária e mortes causadas por conflitos com garimpeiros, que se intensificam cada vez mais dentro do território. Enquanto isso, o Estado se mantém inerte. O total descaso do governo e abandono das autoridades com o povo Yanomami acendem o alerta para o genocídio a este povo.

O gerente de povos isolados e de recente contato da Coiab, Luciano Pohl, acompanhou a equipe de reportagem durante uma missão humanitária da Coiab, realizada com o apoio do Greenpeace. Ele chama atenção para o fato de que a desnutrição das crianças Yanomami está diretamente relacionada com a intensificação do garimpo naquela região, além da situação precária da falta de medicamentos e equipamentos adequados para atender essa população.

“Podemos observar que o Estado está completamente ausente. No polo base de saúde existem alguns profissionais, mas não há medicamentos. A Funai, que é órgão que deveria proteger, fiscalizar e cobrar das autoridades, também está totalmente ausente do território”, destacou Luciano.

Com informações da presença dos povos isolados, a TI Yanomami possui uma área com total de 9.419.108 de hectares, e atualmente é um dos principais focos de garimpeiros.“Vemos a presença de garimpo em todos os lugares. As invasões estão descontroladas, as águas dos rios estão barrentas, e isso afeta diretamente a vida dos desses povos que retiram do rio o alimento, causando a desnutrição e causando doenças como a malária. Preocupa invasões próximas aos aos povos isolados que vivem nessas regiões”, finalizou Pohl.

A Coiab tem manifestado muita preocupação e tem denunciado em todas as instâncias a violência e o genocídio do povo Yanomami. Além das denúncias, também tem feito ações de apoio através das organizações de base, como a Hutukara. Foram doadas 10 toneladas de alimentos, 13.665 itens hospitalares (Agulhas, álcool em gel, álcool etílico, máscaras N95, máscaras descartáveis, oxímetros, protetores faciais, termômetros, algodão entre outros), além de 1.125 testes de IGM/IGG. Todos os itens foram entregues à Associações indígenas Yanomami, bem como apoio as Casas de Saúde Indígena (CASAI) e DSEI-Y.