Formação em monitoramento territorial fortalece autonomia de indígenas da Amazônia brasileira no mapeamento de dados

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Publicada em: 14/08/2023 às 01:00

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), realizou, no início de agosto de 2023, uma formação em monitoramento territorial com 14 participantes, de povos indígenas e realidades distintas, ao todo, representantes de oito estados estavam presentes. O treinamento, feito pela Gerência de Monitoramento Territorial Indígena (Gemti), foi direcionado ao uso da ferramenta Papa Alpha, desenvolvida para vistoriar áreas utilizando sensores e satélites.

Por muitos anos, a qualificação e divulgação dos dados sobre os povos e territórios indígenas foram garantidas por organizações de direito civil e Poder Público Federal. Com a qualificação para o monitoramento territorial, fortalecendo assim a autonomia dos povos da Amazônia brasileira no uso da ferramenta, esse tipo de informação passa a ser também classificada e apropriada por organizações indígenas.

Mirella Kanela compartilhou a experiência de monitoramento em uma terra indígena ainda não demarcada, muito atingida por grileiros e queimadas. “O monitoramento utilizando ferramentas digitais ajuda a ampliar nossa vigilância no território, pois já fazemos no cotidiano, mas não conseguimos cobrir toda a área da TI dessa forma tradicional. Assim podemos monitorar via satélite, para ter um visual amplo do território, e usando ferramentas, como drones, não corremos risco ao visualizar uma área”, afirmou.

  • Gerência de Monitoramento Territorial Indígena (Gemti)
[/ml]Essa é a primeira formação oferecida pela Gerência de Monitoramento Territorial Indígena da Coiab. Criada no primeiro semestre de 2023, o setor tem a missão de assegurar o sigilo e cuidado dos dados e informações indígenas de toda a Amazônia Brasileira, garantir apoio técnico à coordenação executiva e as demais gerências, organizar e fortalecer uma rede de monitoramento indígena com as organizações de base, monitorar a execução das políticas públicas e prover capacidade técnica para os territórios monitorarem seus próprios territórios.

Um dos objetivos com a criação da Gemti é fortalecer a autonomia e autodeterminação dos povos e comunidades indígenas por meio da produção e gestão dos dados por indígenas. Dentre as ações previstas para a gerência, está desenvolver uma plataforma/sistema que reúna os dados fornecidos pelas 64 regiões de base da Coiab, com informações diversas, desde o monitoramento de crimes ambientais, até dados das potencialidades dos territórios, como áreas de coleta de frutas, atividades extrativistas e áreas produtivas. As formações oferecidas pela gerência ano visam capacitar indígenas para produzir e fornecer os dados de monitoramento territorial nas terras indígenas.