Falar sobre gênero é cuidar da infância, da juventude e do território: Mulheres indígenas debatem importância de políticas públicas na tenda da Amazônia no ATL 2023

Representantes dos nove estados participaram da mesa, apresentando e discutindo as realidades de cada território

Publicada em: 27/04/2023 às 00:00

No ano da retomada dos povos indígenas nos espaços de poder, destacamos a ocupação e fortalecimento das mulheres indígenas no painel Alianças das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira, diversas lideranças dos nove estados da Amazônia brasileira ocuparam a tenda da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) no 19º Acampamento Terra Livre e pontuam a importância do fortalecimento da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (Umiab).

A luta pelos direitos das mulheres indígenas na ótica do movimento envolve toda a comunidade, portanto em todos os espaços de debate do movimento indígena é incentivado a presença de crianças, anciãos, etc. Nesse sentido, a secretária geral do Movimento de Mulheres Indígenas do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Kelliane Wapichana, ressaltou que é necessário que os homens respeitem e apoiem o movimento de mulheres. “Precisamos que os homens possam nos ouvir. Não lutamos sozinhas, quando falarmos de somas de forças não podemos segregar, aqui é a soma do movimento. A base da Umiab é o movimento indígena”, afirmou.

Entendendo a realidade dos povos indígenas, um dos pontos debatidos durante a plenária foi a atenção das organizações e lideranças indígenas sobre oportunizar às mulheres a possibilidade de viajarem para ocupar os espaços com garantia da ida dos parentinhos. “O movimento tem que dar oportunidade para que as mulheres possam trazer seus filhos para que fiquem em paz e possam ocupar esses espaços nacionais”, disse a presidente do Conselho Deliberativo da Coiab, Auricélia Arapiun.

As mulheres destacaram a necessidade de uma política para a proteção de lideranças que desempenham um papel de cuidado com os povos e territórios da Amazônia, mesmo em uma região em que o índice de assassinatos, atentados e ameaças é altíssimo. Mulheres indígenas que se candidataram no ano anterior chamaram a atenção da plenária sobre os desafios que perpassam uma candidatura amazônica, desde as logísticas nos territórios a desconstrução racista sobre a permanência dos povos indígenas no parlamento mirim, assembleias legislativas e congresso nacional.

Ainda na mesa, enfatizaram a demanda pela realização do encontro da Umiab, solicitando o apoio da Coiab para tal. Dessa forma, a coordenação expressou o desejo de apoiar e fortalecer as organizações de mulheres e a Umiab. Como sugestão, o encontro da União das Mulheres da Amazônia será realizado junto à Assembleia Avaliativa da Coiab em 2024.

O painel finaliza a programação do dia Mulheres Indígenas da Amazônia, com o lançamento do projeto “Patak Maymu: autonomia e participação das mulheres indígenas da Amazônia e do Cerrado na defesa de seus direitos”. A chamada pública tem como foco o apoio à participação das mulheres indígenas da Amazônia e do Cerrado na 3ª Marcha Nacional das Mulheres Indígenas, a ser realizada em Brasília. Serão apoiados pelo menos 20 projetos e o prazo de envio até o dia 16 de junho de 2023.