Encontro reafirma a força da juventude indígena de Rondônia

O evento ocorreu em Rondônia e reuniu jovens de 18 povos indígenas

Publicada em: 20/12/2021 às 16:52

Com olhar no presente e futuro, o movimento da juventude indígena de Rondônia realizou nos dias 17, 18 e 19 dezembro, o seu 1º encontro com o tema “Discutindo as Mudanças Climáticas pós a Cop26”, no Centro de Cultura e Formação Kanindé em Rondônia.

O evento teve três dias de intensos debates, no qual foram abordados sobre as mudanças climáticas na perspectiva da pós Cop26, juventude indígena e o papel dentro do movimento, eleições em 2022, educação, saúde e território, além da discussão da estrutura organizacional do movimento da juventude de Rondônia.

Com a presença da juventude de 18 povos indígenas, de todo estado de Rondônia e do Sul do Amazonas, o encontro é um marco histórico para os jovens indígenas da região, pois apesar de sempre existir esse movimento, é recente a organização da estrutura, tendo pela primeira vez uma coordenação eleita para estar à frente da juventude indígena do Estado, com uma diretoria que atende a igualdade de gênero, além disso, também foi definida a equipe de comunicação, destacando a importância dos comunicadores indígenas nesse processo.

A jovem liderança Txai Suruí, uma das fundadoras do movimento da juventude indígena, foi eleita coordenadora, ela destacou que meio à pandemia surgiu a necessidade de consolidar a estrutura de organização da juventude indígena de Rondônia, e afirmou a importância das ações dos jovens em meio aos momentos críticos que os povos indígenas estão enfrentando.

“Esse movimento surgiu com uma vontade, com uma inquietação mesmo de se organizar, de se fortalecer como juventude indígena, todos nós já somos participantes, já somos protagonistas dentro de nossas organizações, dentro dos territórios e nesse ativismo contra tudo o que está acontecendo, nesses desmontes de direitos indígenas, olhando tudo isso , a juventude não podia ficar parada e nem quieta, esse movimento surgiu meio a pandemia e claro, tivemos as dificuldades que a pandemia trouxe de comunicação, de conseguir falar com outros povos, mas mesmo assim começamos o trabalho, entregamos cestas básicas, fizemos formação sobre mudanças climáticas e agora estamos fazendo o nosso primeiro encontro” destacou Txai.

Puré Juma, do povo Uru Eu Wau Wau e Juma, é um dos jovens que protagonizaram a construção desse movimento, ele contou um pouco da sua missão ali enquanto jovem liderança, comunicador e agora também membro da coordenação “Para nós, juventude que estamos iniciando agora o nosso movimento geral, e fazendo parte da comunicação, nós podemos filmar, fotografar e publicar o que a gente está realmente fazendo, qual o objetivo de estarmos nos organizando em cada lugar e evento, e não ficar só entre nós, divulgar para todo o mundo as nossas lutas e nossas histórias. Eu posso atuar no meu conhecimento e também repassar para os outros, influenciar e incentivar as pessoas a pautar, propor e mencionar, ajudando a fortalecer o movimento indígena, tudo isso é muito importante e é através da comunicação.”

O encontro contou com danças, cantos e apresentações culturais de jovens de diversos povos, Puré reforçou que a juventude indígena não está ali só para tratar de problemas e soluções, mas também para demonstrar para a sociedade que a juventude ainda têm raízes e conexões com seus ancestrais.

A partir das discussões realizadas nesses dias, os jovens elaboraram um documento, manifesto que irão publicar ao mundo, dizendo sobre as perspectivas da juventude sobretudo que foram debatidos no encontro.