Diversidade, coletividade e solidariedade: Coiab retoma as atividades do Centro Amazônico de Formação Indígena no mês que celebra os povos indígenas

Formação é voltada para lideranças que assumiram cargos de gestão pública

Publicada em: 11/04/2023 às 01:00

Após mais de uma década, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) retoma as atividades formativas do Centro Amazônico de Formação Indígena (CAFI) a partir do dia 10 de abril, com um workshop sobre Gestão Pública para Lideranças Indígenas, em Brasília – DF. A Aula Magna aconteceu na sede da FGV Brasília, discutindo o “Retrato do movimento indígena na atualidade: problemas e desafios”, com a apresentação do coordenador geral da Coiab, Toya Manchineri, e das lideranças de organizações das cinco regionais presentes.

O momento atual é de retomada das políticas indigenistas, e nesse processo, muitas lideranças estão assumindo cargos e funções na gestão pública – Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), Coordenações da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Secretarias Municipais e Estaduais, entre outros cargos. Alguns desses gestores foram alunos do CAFI em turmas anteriores.

Com essa crescente no número de gestores, as organizações que compõem a Coiab passaram a demandar formações voltadas para a gestão pública, no sentido de desenvolver competências para liderar, articular, gerir e pensar ações governamentais de forma estratégica, observando as especificidades étnico-culturais e salvaguardas legais para os povos indígenas, combinadas com os princípios da gestão pública.

“Diversidade, coletividade e solidariedade serão palavras norteadoras para essa formação. Contemplar a diversidade entre os povos e realidades que vão ser apresentadas durante a formação, para construir uma coletividade que celebre a diversidade, com o princípio da solidariedade entre cada um. Fizemos um projeto pedagógico para o curso, e a formação acontecerá em dois módulos para podermos ouvir, apoiar e desenvolver estratégias com as lideranças”, afirma a coordenadora pedagógica do CAFI, Gracinha Manchineri.

A formação acontece com apoio da The Nature Conservancy (TNC) e da WWF-Brasil, parceria com o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e Fundação Getúlio Vargas (FGV), e será direcionada para os gestores de Coordenações Regionais da Funai, Coordenadores de DSEIs, Secretárias de Estado dos Povos Indígenas e demais cargos. Marizete de Sousa, coordenadora da Regional de Roraima da Funai, aponta as expectativas em relação ao workshop.

“Para nós, é importante participar de uma formação como esta, em Gestão Pública, porque nós cobramos das autoridades que ocupam cargos na FUNAI, no DSEI que nos atende, e precisamos entender como realmente funciona uma instituição pública, para atender as demandas que vem das comunidades. Sabemos que esse é um momento novo para o movimento indígena, tendo instituições públicas coordenadas pelos indígenas. Esta formação é mais uma ferramenta para entender o funcionamento de órgãos públicos, quais são as etapas administrativas e os processos, para que nós possamos fazer uma boa gestão nos cargos que ocupamos hoje, para também oferecer transparência para as comunidades”, ressalta Marizete de Sousa.

A primeira etapa do workshop reúne cerca de 30 lideranças indígenas de Roraima, Amazonas, Acre, Tocantins e Mato Grosso, para garantir a aprendizagem, interação e assistência aos cursistas. As organizações indígenas do Maranhão, Pará, Amapá e Rondônia enviarão representantes para a próxima etapa, que acontecerá em julho de 2023. Em dezembro, o Seminário Integrador irá reunir as 60 lideranças participantes dos dois módulos.