Demora na desintrusão ameaça o povo Krikati

Publicada em: 10/05/2024 às 11:43

Na segunda-feira (06/05), os moradores da Aldeia Piihyyre, na Terra Indígena Krikati, foram surpreendidos com um incêndio criminoso que desabrigou as seis famílias que residem na comunidade. Lideranças apontam que o incêndio é em retaliação ao processo de desintrusão do território, que já ocorre há mais de 20 anos.

A TI Krikati foi demarcada em 1997 e homologada em 2004. Mesmo com mais de 20 anos de homologação, segundo informações da FUNAI-MA, ainda existem mais de 270 ocupantes considerados de má-fé no território. A TI encontra-se atualmente em processo de litígio, pois os invasores buscaram a justiça para tentar se manter no território do povo indígena. Como uma forma de tentar conter as invasões, foram criadas aldeias em locais estratégicos, como a Aldeia Piihyyre.

Os Krikati vivem em uma área de cerrado, bioma ameaçado pelo desmatamento e avanço de monoculturas. Nos últimos anos, impulsionados pelo discurso anti-indígena, pessoas que já haviam sido indenizadas e retiradas do território retornaram a ocupar, causando todo tipo de transtornos no território, cerceando o direito de ir e vir do povo Krikati – além da insegurança de encontrar com esses ocupantes ilegais, muitos locais estão cercados e fechados com cadeados – o desmatamento e degradação desenfreada do bioma Cerrado, ameaçando toda a forma de viver deste povo. Marcos da demarcação, como mourões e placas foram retirados em todo o território, inclusive sendo substituídos por cercas de invasores.

A aprovação da lei 14.701/2023, que busca legitimar o Marco Temporal, agrava ainda mais a situação do povo Krikati. Lideranças relatam que os políticos da região, principalmente da cidade de Montes Altos, começaram a utilizar isso como se pudesse haver a diminuição da terra indígena Krikati, e criou -se toda uma expectativa por parte dos não-indígenas para retornar à terra indígena. Os candidatos têm utilizado a TI Krikati como barganha e campanha política, acirrando os conflitos e ameaças.

O processo de desintrusão precisa avançar, para garantir o direito ao usufruto do território e a segurança para o povo Krikati.