Caciques, mulheres, jovens e crianças do povo Munduruku realizaram, entre os dias 13 a 16 de agosto, a autodemarcação da Terra Indígena (TI) Sawre Muybu (conhecido como Daje Kapap Eypi), na região do Médio Rio Tapajós, no Pará.
Com a falta de uma ação definitiva por parte dos órgãos responsáveis em relação a demarcação do território, que possui 178 mil hectares, e a situação agravada pelas constantes invasões de garimpeiros, índices alarmantes de desmatamento e a iminência da instalação de empreendimentos sem a consulta livre, prévia e informada, conforme determina a Organização Internacional do Trabalho (OIT) 169, o povo Munduruku desde 2014 faz a sua autodemarcação.
“Fazemos o trabalho do Estado de fiscalizar e proteger a Terra Indígena. Tivemos acompanhamento das crianças, caciques, mulheres e guerreiros, mas ainda temos que continuar porque as placas não evitam que os invasores entrem no território. Temos que continuar a resistência de proteger o meio ambiente para todo o planeta. Nossas vidas importam!”, pontuou Alessandra Korap, liderança do povo Munduruku.
No dia 25 de agosto o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciará a votação do Recurso Extraordinário (RE) 1.017.365, que inclui a tese do Marco Temporal, julgamento de repercussão geral que pode definir o futuro das demarcações de Terras Indígenas no Brasil, dentre elas, a Terra Indígena Sawre Muybu.
“É uma decisão muito importante que pode tirar sonhos de crianças, caciques, mulheres e pajés. A decisão do STF do caso do Território Xokleng pode afetar todos os territórios indígenas. Querem apagar a memória dos povos, mas nós não vamos deixar! Estamos aqui resistindo”, finaliza Alessandra.
Demarcar para proteger: Povo Munduruku volta a autodemarcar a Terra Indígena Sawre Muybu
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