Povos indígenas e representantes de movimentos sociais e outras populações tradicionais reuniram-se para dialogar sobre a importância e as estratégias de mobilização para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém (PA). A roda de conversa foi promovida pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) nesta sexta-feira (26), no Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília.
Sediada pela primeira vez na Amazônia, a COP 30 está cercada de expectativas do mundo inteiro, uma vez que os países vão anunciar a revisão de metas e compromissos de redução de emissões de gases do efeito estufa. Neste contexto, os povos indígenas se articulam para garantir representatividade e participação nas discussões e tomadas de decisão que ocorrerão na conferência.
Participaram da mesa Auricélia Arapium, presidente do Conselho Deliberativo da Coiab; Doris Vasconcelos, da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam); Iury Paulino, do Movimento Atingidos por Barragens (MAB); Silvia Helena, do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS); Pe. Dario Bossi, da Mobilização dos Povos da Terra pelo Clima; Maureen Santos, do FASE/Grupo Carta de Belém; e Anderson Amaro, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
A Coiab, junto a outros movimentos sociais brasileiros, estão organizados em uma ‘Cúpula dos Povos’, paralela à COP 30. Segundo a presidente do Conselho Deliberativo da Coiab, Auricélia Arapium, o objetivo é tornar a COP não uma vitrine para governos, mas um espaço de luta, com a visão e demandas das populações tradicionais. A ‘Cúpula dos Povos’ já reúne 42 organizações sociais, e a expectativa é mobilizar pelo menos 30 mil pessoas de movimentos sociais, sendo 10 mil indígenas, para a conferência em Belém.
“Temos discutido com os movimentos sociais como será nossa participação na COP 30 e já iniciamos o diálogo com o governo brasileiro, começamos a levar nossas reivindicações. O Brasil se coloca como líder na frente de luta contra a crise climática, mas não dá espaço aos movimentos sociais e continua atacando nossos territórios e direitos. Como o governo brasileiro diz que nós, populações tradicionais, estamos cuidando dos nossos biomas, que salvamos a humanidade, mas ataca nossos direitos? É impossível falar de mudanças climáticas sem demarcação de terras indígenas”, afirma Auricélia.
A ‘Cúpula dos Povos’ planeja um encontro preparatório em Brasília para agosto deste ano.