Cristiane Soares, advogada indígena do povo Baré, fala na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da ONU

Publicada em: 23/09/2020 às 02:00

A advogada indígena Cristiane Soares, do povo Baré, fez um pronunciamento na sessão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da ONU realizada hoje (23), no painel “Defensores dos Direitos dos Povos Indígenas”, representando a Comissão Especial de Proteção dos Direitos dos Povos indígenas da OAB Federal.

Em sua fala, Cristiane denunciou as ameaças de morte e assassinatos que lideranças indígenas estão sofrendo por sua atuação na proteção territorial e ambiental. Denunciou também a acusação feita pelo chefe do Gabinete de Segurança Institucional, General Heleno, que acusa a @apiboficial de crime de lesa-pátria.

Leia o discurso na íntegra:

“Sou Cristiane Soares, advogada e indígena do Povo Baré, do Estado do Amazonas. Represento a Comissão Especial de Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB.

A situação dos defensores dos direitos dos povos indígenas no Brasil é muito grave e muito tensa. Ações em defesa das terras tradicionalmente ocupadas por povos indígenas provocam ameaças e intimidações.

O cacique BABAU, Rosivaldo Ferreira da Silva, do Povo Tupinambá, e Alessandra Korap, do Povo Munduruku, continuam recebendo ameaças de morte. Líderes dos povos Uru-Eu-Au-Au e Guajajara são ameaçados e alguns foram assassinados por suas ações de proteção territorial e ambiental.

Liderança dos povos: Pataxó, Tuxá, Mura, Tikuna, Guajajara, Avá-Guarani, Kaiowá-Guaraní, Tapirapé, Pankararu, Yanomami e Yekuana, também estão em grave perigo; como Povos que adotaram barreiras sanitárias contra o coronavírus, assim também como os Povos Isolados da Amazônia, em perigo de extinção.

Recentemente, o Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República atribuiu a responsabilidade pelo “crime de lesa-pátria” à Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB, e à sua Coordenadora, Sonia Guajajara.

Pretende-se intimidar a legítima ação política dos povos indígenas no Brasil, como tática diversiva, que não retira a obrigação do Governo Federal, para que as terras indígenas sejam delimitadas e os bens dos povos indígenas sejam protegidos e respeitados.

Muito obrigada.”