COP26: Declaração dos povos indígenas da Amazônia brasileira frente à crise climática

“Carta de Tarumã” alerta o mundo sobre a violação dos direitos indígenas e a crise climática

Publicada em: 29/10/2021 às 00:00

Reunidos à beira do rio Tarumã, em Manaus (AM), no dia 15 de outubro de 2021, lideranças indígenas das organizações que integram a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), escreveram uma mensagem coletiva frente à crise climática. Com olhar na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), a principal cúpula da ONU para debate sobre questões climáticas, a “Carta de Tarumã” traz as principais inquietações dos povos indígenas sobre o tema.

“Agora não é apenas nós, povos indígenas, que estamos avisando sobre as mudanças do clima. A própria mãe natureza está mostrando de forma direta que as mudanças climáticas são uma realidade e o assunto precisa ser levado a sério. É necessária uma ação imediata dos Estados,” declarou Nara Baré, coordenadora geral da Coiab, sobre o objetivo da carta.

O documento será levado para a COP26, conferência que acontece entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro deste ano, em Glasgow, na Escócia. A Amazônia estará representada no evento, com uma delegação de mais de 20 lideranças indígenas.

“A crise climática está diretamente relacionada à ganância sobre as terras indígenas, aliada à erosão jurídica dos direitos indígenas e ambientais que está em trâmite no Brasil. O tempo em que estamos vivendo, no qual um vírus parou o mundo e afetou a rotina de bilhões de pessoas de todas as classes sociais e diferentes culturas, é fundamental para pensar seriamente na necessidade de respeitar a sociobiodiversidade presente em nossos territórios. Mas no Brasil, o governo atual é letal com políticas anti-ambientais, anti-climáticas e anti-indígenas. Nossos territórios, que são nossos de direito, estão sendo invadidos por garimpeiros e madeireiros; aldeias foram cercadas por fazendas de gado e soja; os rios são contaminados por agrotóxicos e mercúrio; a Floresta Amazônica está em chamas virando cinza; e governos e os fundos econômicos continuam apoiando financeiramente essa ganância desenfreada, a economia da destruição que mata e que destrói a vida e o planeta”, diz trecho da carta.

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