A pandemia de COVID-19 atingiu de maneira severa os povos indígenas da Amazônia. Com indicadores sociais baixos, logística complicada e infraestrutura hospitalar insuficiente, as cidades do norte do país foram gravemente castigadas pelo coronavírus, aprofundando as enormes desigualdades que já existiam na região.
A COIAB, como organização representativa das organizações indígenas da Amazônia brasileira, se juntou a diversas outras organizações da sociedade civil no suporte a aldeias e comunidades. Cestas básicas, materiais de higiene e itens hospitalares são alguns dos itens que têm sido enviados para esses locais no intuito de minimizar os prejuízos causados pela pandemia.
Levantamento interno dá conta de que, entre janeiro e fevereiro de 2021, a COIAB distribuiu mais de 10 mil máscaras, 75 concentradores, 48 cilindros de oxigênio de 50 litros e mais de 2 mil kits de higiene, com itens como caixas de água sanitária, sabão em pó, detergentes, cremes dentais e viseiras. Oxímetros e válvulas para cilindros também estão entre os itens fornecidos. No total, mais de 9 toneladas de insumos e mantimentos já foram enviados aos assistidos.
Desde o início da pandemia, em março de 2020, a COIAB tem realizado inúmeras ações com suas organizações de base, redes de parceiros e apoiadores – tudo baseado num documento específico da organização, o Plano de Ação Emergencial de combate ao avanço do coronavírus e de tratamento entre os Povos Indígenas da Amazônia Brasileira, que organiza e orienta todas essas iniciativas.
Além das doações, a COIAB também tem apoiado a construção de barreiras sanitárias e epidemiológicas e tem comprado equipamentos de proteção individual e equipamentos hospitalares como agulhas, seringas e testes rápidos. Faz parte desta iniciativa também o fornecimento de apoio operacional, arcando com custos e equipe técnica para organização das doações; e logístico, financiando fretes e custeando combustíveis, por exemplo.
Beneficiários
Os materiais doados devem beneficiar uma população estimada em 141 mil pessoas, espalhadas pelos nove estados da Amazônia. As doações estão sendo encaminhadas, por exemplo, para as cidades de Vilhena (RO), Oriximiná (PA), São Gabriel da Cachoeira (AM), Boa Vista (RR) e Palmas (TO). Cinquenta e cinco povos estão recebendo apoio – entre eles, os Suruí, Yanomami, Baniwa, Xikrin, Cinta-Larga, Xavante, Juruna, Munduruku e Dessana.
A secretária-executiva da COIAB, Jéssica Wapichana, é quem recebe os pedidos de ajuda que chegam das aldeias e auxilia a organizar as doações. Ela contou que a instituição possui um comitê específico que, com base em critérios como a situação epidemiológica dos territórios e número de doentes, decide para onde vão as doações que chegam à organização.
“Os pedidos chegam de vários jeitos, como cartas, telefonemas e via whatsapp. São sempre recados que sensibilizam, pois na maior parte das vezes tratam de famílias que perderam seus provedores para a COVID e estão sem renda alguma. São pessoas passando muita necessidade, que não tem o que comer. Recebemos muitos pedidos de cestas básicas e também de equipamentos de proteção individual, como máscaras e álcool em gel, já que várias aldeias montaram barreiras sanitárias”, explicou Jéssica.
Técnico de projetos da COIAB, Luiz Tukano tem coordenado o envio das doações, que geralmente partem de Manaus (AM). “É tudo bem difícil, porque consideramos que as comunidades que atendemos estão sem suporte algum; e elas geralmente se localizam em lugares muito afastados”, explicou.
Colaboração
As doações geralmente chegam nas comunidades por via aérea e fluvial por conta da geografia do Norte do País, que conta com poucas estradas. “Se não fosse a nossa rede de parceiros, esse trabalho seria muito mais complicado e desafiador”, disse Luizinho. Ele contou também que as entregas são feitas com respeito aos protocolos sanitários em vigor (ou seja, sem aglomerações) e que as doações são desinfectadas em Manaus, antes de serem enviadas às aldeias e comunidades.
Jessica lembrou que, nas pequenas cidades amazônicas, o acesso a serviços de saúde é muito difícil e complicado – tanto por conta da logística envolvida em acessar esses locais como pela falta de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI’s), por exemplo.
“Algumas regiões são difíceis de serem alcançadas, como São Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel do Rio Negro (no norte do Amazonas). Para doarmos para os parentes do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Tocantins, por exemplo, eles tiveram que pegar balsa, conseguir apoios e carro para buscar os insumos em Marabá, no Pará”, disse a secretária-executiva.
De acordo com o mais recente levantamento feito pela COIAB, de 26 de fevereiro, os povos indígenas da Amazônia brasileira têm 35.237 casos confirmados de COVID-19. Foram 797 falecimentos registrados e existem ainda 727 casos suspeitos. São 144 povos indígenas afetados pela pandemia. O estado mais atingido é o Amazonas, com 8.857 casos confirmados, seguido de Pará e Roraima – com 6.642 e 5.564 confirmações, respectivamente.
As doações fazem parte do projeto #AsasDaEmergência – uma iniciativa da COIAB, Greenpeace[/url], Amazon Watch[/url] e Expedicionários da Saúde[/url] e parceiros como o WWF-Brasil[/url], Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB)[/url], Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA)[/url], Fundo Brasil de Direitos Humanos (FBDH)[/url], Hivos[/url], UNICEF Brasil[/url], Doutores da Amazônia[/url], Niatero[/url], Rainforest[/url], Land Is Life[/url], Fiocruz Amazônia[/url], Amazon Conservation Internacional Brasil (ACT-Brasil)[/url], a artista Maria Gadú e outros – que vêm dando apoio a comunidades afetadas pela pandemia por toda a Amazônia brasileira.
Como ajudar?
A COIAB está mobilizada em uma campanha para salvar milhares de vidas. Estamos no combate ao coronavírus em nossos territórios e queremos seu apoio nessa corrente de solidariedade. Precisamos da sua ajuda para combatermos a Covid-19! Faça doações com o botão do PayPal[/u][/b].[/u]
Ou através da conta bancária:
Entidade Titular: Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira
CNPJ: 63.692.479/0001-94
Banco do Brasil
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Para doações internacionais:
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