COIAB discute luta e resistência dos povos indígenas da Amazônia durante programação do ATL 2021

A programação de abertura da semana Emergência Indígena marcou os 32 anos de fundação da organização

Publicada em: 20/04/2021 às 15:32

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) iniciou nesta segunda-feira, 19/4, sua participação na 17ª edição do Acampamento Terra Livre 2021 (ATL), maior mobilização indígena do Brasil que, pelo segundo ano consecutivo, acontece no formato online. Este ano, o ATL traz o tema “Nossa luta ainda é pela vida. Não é apenas um vírus!” e integra o “Abril Indígena”, unindo lideranças de todas as regiões do país em uma jornada de quatro semanas de ações.

Iniciando a terceira semana de atividades do ATL intitulada “Semana Emergência Indígena”, três encontros marcaram o primeiro dia de atividade da COIAB na programação. O primeiro evento trouxe o tema “Unir para organizar, fortalecer para conquistar”, e uniu na mesa de debate virtual a coordenadora geral da Coiab, Nara Baré; a coordenadora Angela Kaxuyana; os integrantes da Rede Coiab, Euclides Macuxi, Paulo Mendes, Leonice Tupari; a secretária-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara; e o coordenador-geral da Coordenadoria das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica), Gregório Mirabal. O debate foi mediado por Kleber Karipuna (Apib) e Puyr Tembé (Fepipa).

“A COIAB inicia a semana do ATL também comemorando 32 anos de resistência. São três décadas de muita luta, 521 anos de muita resistência e em meio a mais um desafio, o vírus da covid-19, que se soma aos desafios das queimadas, desmatamentos, assassinatos e conflitos históricos contra os povos indígenas. O número de indígenas vítimas da covid chega a 1.037. Só na Amazônia Brasileira são 894 vítimas, de acordo com dados da COIAB. Por tudo isso, importante sempre ressaltar que a nossa luta ainda é pela vida”, destacou Sônia Guajajara.

O coordenador-geral da COICA, Gregório Mirabal, falou sobre a importância da COIAB para a Amazônia Brasileira, e parabenizou o trabalho da coordenação, na resistência, articulação política e em defesa dos povos indígenas.

Durante o primeiro encontro, a COIAB exibiu um vídeo histórico onde ex-coordenadores da organização prestaram uma homenagem aos 32 anos de existência da organização.

“Temos uma história de firmeza e resistência. Não é um momento de comemoração, mas é um momento de resistência. Estamos aqui no ATL em um ato político, solicitando nossos direitos e garantias. A Coiab tem uma trajetória de luta e quero convidar a todos vocês a acompanharem nossa programação durante toda essa semana de atividades no ATL. Estamos aqui para reafirmar nosso compromisso com todos vocês, porque nós decidimos viver e vamos sobreviver para nossas conquistas”, declarou Nara Baré.

Rede de Resistência
Na segunda mesa de debate do dia 19/4, durante a tarde, a COIAB abordou o tema “Rede de resistência pela defesa do Bem Viver na Amazônia e contra as violações de direitos”. O encontro levou para discussão a proposta de fortalecer a rede em seus territórios, entre os parceiros e apoiadores da causa indígena e defesa da Amazônia.

Participaram desta mesa de debate Gustavo Silveira (Operação da Amazônia Nativa – OPAN), Emerson Baré (Departamento de Adolescentes e Jovens Indígenas do Rio Negro (DAIJRN), Isac Ajuru (Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) de Porto Velho – Condisi PVH) e Valéria Paye (Fundo Podáali). A coordenadora-geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (Umiab), Telma Taurepang, gravou um vídeo. Os convidados apresentaram também a forma de atuação de suas respectivas redes. O encontro foi moderado por Samara Pataxó (Apib).

Povos Isolados
Encerrando o primeiro dia de debates promovidos pela COIAB, o ATL 2021 apresentou a discussão sobre “Povos Indígenas em isolamento: resistência e perspectivas na América do Sul”.

Participam desse encontro Adama Diego Cusi (Central de Pueblos Indígenas Tacanas II Río Madre de Dios – CITRMD), Dário Cubeo (Organización Nacional de los Pueblos Indígenas de la Amazonía Colombiana – OPIAC), Julio Cusurichi (Federación Nativa del Río Madre de Dios y Afluentes – FENAMAD), Luis Cruz (IA), Sirito Aloema (OIS), Conrado Otávio (CTI) e Edilena Krikati (COIAB/COAPIMA), com moderação de Maria Emília Coelho (COIAB)

COIAB 32 anos
Com o lema “Coiab Somos Nós”, neste 19 de abril, a COIAB completou 32 anos de mobilização e articulação política, reafirmando a sua missão de lutar pelos direitos das populações indígenas da Amazônia Brasileira. Atualmente, a coordenação possui uma rede organizacional atuante em nove estados da Amazônia (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins).

As estratégias e ações são articuladas entre federações regionais e inúmeras associações locais, organizações de mulheres, professores, estudantes, profissionais da saúde, jovens comunicadores, advogados entre outros coletivos indígenas em defesa dos interesses e direitos dos povos indígenas.