Amazônia Indígena: População indígena chega a quase 900 mil pessoas

População indígena na Amazônia Legal aumenta 126% em mais de uma década

Publicada em: 08/08/2023 às 01:00

Texto: Isabel Babaçu | Foto: Isaka Huni Kui

Na Amazônia Legal, composta pelos estados da região Norte, o Mato Grosso e parte do Maranhão, área de atuação da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), o total de indígenas chega a 867,9 mil pessoas. Em números absolutos, o Amazonas é o estado com maior número de indígenas, com 490.854, e a capital, Manaus, é a cidade com mais indígenas, 71.713 pessoas.

Após mais de 10 anos, o censo demográfico da população brasileira foi atualizado em 2022, onde o novo levantamento mostra um aumento de 126% na população indígena da Amazônia Legal. No último censo, feito em
2010, essa região contava com uma população de 383.683 mil indígenas. O número atualizado mostra uma triplicação nos habitantes da área.

O vice-coordenador geral da Coiab, Alcebias Sapará, ressaltou que os dados do Censo devem nortear as políticas públicas para os povos indígenas. “O aumento da população deve trazer as políticas públicas para dentro dos territórios, para as cidades onde vivem indígenas. Hoje a Amazônia Legal concentra uma boa parte da população indígena, e enfrentamos invasão, destruição. Isso requer máxima atenção, assim como os outros biomas, para que as políticas e as ações de demarcação de terra indígena possam chegar até lá. E esse é o compromisso que o governo federal deve assumir”, destacou.

Em 2022, os indígenas residentes no Brasil eram 1.693.535, cerca de 0,87% de toda a população brasileira. O aumento em relação à 2010 foi de mais de 88%, quando o número de indígenas era de [highlight= rgb(249, 249, 249)]896.917 pessoas, enquanto o crescimento do total da população nesse mesmo período foi de 6,5%. O aumento de indígenas pode ser explicado por questões metodológicas, principalmente.

A coordenadora da Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (Apiam), Mariazinha Baré, ressaltou que os dados revelam o país pluriétnico que é o Brasil. “[highlight= rgb(255, 255, 255)]É importante demonstrar para a sociedade brasileira que continuamos vivos, que os povos indígenas continuam no Brasil, muitos ainda nos seus territórios, apesar do Censo, demonstrar que muitos dos povos indígenas também estão na cidade. É importante compreender o que levou indígenas para o contexto urbano e pensar em políticas públicas para esse grupo, que chega a mais de 1 milhão de indígenas”, destacou.

O censo é importante para indicar informações sobre a população e embasar políticas e ações específicas direcionadas a cada grupo. Em agosto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados coletados com a população indígena brasileira.
[highlight= rgb(249, 249, 249)]O IBGE utilizou uma abordagem diferente neste Censo, iniciando com o mapeamento de localidades indígenas, que incluiu terras indígenas oficialmente delimitadas, agrupamentos indígenas e outras localidades indígenas. Foram utilizadas imagens de satélite atualizadas, para mapear as comunidades, consultas às lideranças indígenas e visitas de campo. Ainda, a expansão da pergunta “você se considera indígena?” para regiões que não constavam nesse mapeamento das comunidades indígenas.

O questionário de abordagem ampliado contou com perguntas sobre a infraestrutura das comunidades, saúde, educação, hábitos e práticas. Estas informações serão divulgadas posteriormente, e podem subsidiar documentos, ações e políticas públicas específicas para os povos indígenas. Ao todo, são 4 832 municípios brasileiros com presença indígena. Nesta primeira etapa, não foram divulgadas as informações sobre número de povos e línguas indígenas no país.

Os dados do Censo 2022, combinados com outros indicadores, são instrumentos fundamentais para subsidiar políticas públicas mais efetivas, como o atendimento à saúde, por exemplo, aquisição de vacinas e distribuição por faixa etária, educação. No caso dos povos indígenas, os dados sobre as pessoas que vivem nas aldeias e nas cidades, devem subsidiar ações e políticas direcionadas nas esferas municipal, estadual e federal.

Confira os números de população indígena por estado da Amazônia Legal:
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  • Amazonas – 490.854 pessoas
  • Roraima – 97.320 pessoas
  • Pará – 80.974 pessoas
  • Mato Grosso – 58.231 pessoas
  • Maranhão – 57.214 pessoas
  • Acre – 31.699 pessoas
  • Rondônia – 21.153 pessoas
  • Tocantins – 20.023 pessoas
  • Amapá – 11.334 pessoas
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