A Gerência de Monitoramento de Terras Indígenas (GEMTI), da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), promoveu na noite de segunda-feira (7) a roda de conversa “Mapeando a Resistência: Estratégias Indígenas de Monitoramento Territorial”. O encontro aconteceu na tenda da Coiab, instalada no Acampamento Terra Livre 2025, e reuniu lideranças e agentes ambientais indígenas que compartilharam suas vivências no monitoramento e na vigilância de seus territórios.
Participaram da atividade Eugênio Lamego de Souza Paumari, presidente da Associação Indígena do Povo das Águas (AIPA); Clemildo Francisco Adolfo de Lima Paumari, conselheiro da AIPA; Marildo Tomaz da Silva, coordenador-geral dos Agentes Ambientais Indígenas da TI Peneri/Tacaquiri; Bushe Matis, coordenador-geral da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari; Motjibi Arara, cacique da TI Arara (Pará); Ivanise Tenharim, agente ambiental indígena e vice-tesoureira da Associação do Povo Indígena Tenharim Morõgitá (APITEM); e Thaís Dias Gonçalves, coordenadora-geral de Monitoramento Territorial da Fundação dos Povos Indígenas (Funai). A moderação ficou por conta de Vanessa Apurinã, gerente de monitoramento da Coiab, e Bitaté Uru Eu Wau Wau, coordenador técnico de projetos da Kanindé.
Vanessa Apurinã destacou que, para os povos indígenas, o monitoramento territorial representa cuidado, gestão e autodeterminação na proteção de suas terras. Ela ressaltou que a Coiab tem contribuído com ferramentas tecnológicas para fortalecer esse trabalho. “O monitoramento é realizado por meio de visitas às aldeias, áreas de pesca, roçados, cemitérios e locais de rituais. É a forma como nós, indígenas, fazemos a gestão do território”, explicou.
A roda de conversa proporcionou um espaço para que as lideranças e agentes ambientais indígenas relatassem as ações desenvolvidas em seus territórios. Marildo Tomaz da Silva, coordenador-geral dos Agentes Ambientais Indígenas da TI PENERI/TACAQUIRI, relatou a ameaça de desmatamento que sua terra indígena enfrentou com a invasão dos fazendeiros e as dificuldades na missão de vigilância que ele e outros indígenas realizaram na floresta para registrar invasões e coletar dados com GPS.
Ivanise Tenharim, do território Tenharim Marmelo, no sul do Amazonas, ressaltou a importância da formação dos Agentes Ambientais Indígenas (AAI) e dos brigadistas indígenas. Ela destacou que esses grupos atuam de forma integrada no combate a incêndios florestais, na recuperação de áreas degradadas, na promoção da educação ambiental dentro das comunidades e na fiscalização dos territórios.
O evento foi encerrado com a participação de Thaís Dias Gonçalves, da Fundação dos Povos Indígenas (Funai). Ela apresentou as frentes de trabalho da Fundação dos Povos Indígenas, que incluem o levantamento de informações sobre as terras indígenas, ações de fiscalização e prevenção de riscos, além de iniciativas de capacitação e proteção territorial.
“A Funai está trabalhando em parceria com o Ministério Público do Trabalho para reconhecer a vigilância indígena como um instrumento fundamental para a proteção das terras indígenas e para toda a sociedade. Também buscamos ampliar o financiamento para projetos de vigilância, inclusive aqueles desenvolvidos em cooperação com outros governos”, afirmou Thaís. Ela acrescentou ainda que a Funai pretende expandir as ações de fiscalização e formação de brigadas, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das populações indígenas em suas terras.
Foto: Pepyaká Krikati, Acampamento Terra Livre de 2025. Brasília-DF