“É um símbolo de resistência a criação desses fundos no Brasil”, afirmou a coordenadora do Fundo Rutî do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Josimara Baré, durante painel na COP29, nesta sexta-feira (15). O evento, organizado pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), ocorreu no Pavilhão Indígena e teve o objetivo de abordar o protagonismo dos fundos indígenas e quilombolas no Brasil, além de financiamento climático.
Além de Josimara, o painel contou com a participação de Valéria Carneiro, coordenadora do Fundo Quilombola da Malungu – Coordenação das Associações Quilombolas do Pará. A moderação foi feita por Ronaldo Amanayé, coordenador-tesoureiro da Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa).
Valéria falou sobre o protagonismo que vêm sendo assumido cada vez mais pelos quilombolas e indígenas para a criação de seus próprios fundos de financiamento. Segundo ela, as iniciativas já vêm de muito tempo, mas só agora estão sendo visibilizadas. “Costumo dizer que nossos passos vêm de longe, mas só agora estão sendo vistos”, disse ao fazer um relato sobre sua experiência à frente do fundo.
“Na criação desses fundos, trazemos um presente concreto e real. Estamos construindo e avançando muito em relação à proteção e gestão dos nossos territórios. Muito falaram e fizeram em nosso nome, hoje fazemos por nós mesmos”, refletiu Josimara.
O Fundo Rutî foi criado pelo CIR para apoiar projetos comunitários na área de bovinocultura, agrícola, e uso e manejo dos recursos naturais, visando fortalecer e investir no desenvolvimento sustentável das comunidades indígenas. Outro exemplo de fundo indígena é o Podáali, criado com o propósito de apoiar planos e projetos de vida dos povos, comunidades e organizações indígenas.
A participação da Coiab na COP29 é viabilizada por meio da iniciativa ‘Raízes – Fundo de Justiça Climática para Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais’, do Fundo Brasil. Conta ainda com o apoio dos parceiros Avaaz, Uma Gota no Oceano, Instituto Clima e Sociedade (iCS), The Nature Conservancy Brasil (TNC) e World Wide Fund for Nature Brasil (WWF).
Fotos: Pepyaká Krikati