A 1ª Formação dos Agentes de Monitoramento Indígena (AMIS), está sendo realizada na Terra Indígena Arariboia entre os dias 19 a 25 de fevereiro, no estado do Maranhão. Os cursistas e ouvintes são de diferentes povos como: Guajajara, Xerente, Krikati, Krahô, Ka’apor, Karajá e Javaé. Na abertura a benzedeira, Izelda Guajajara abençoou com reza o encontro para ser prospero e produtivo. Os participantes são indicados pelas lideranças das organizações indígenas estaduais do Maranhão e do Tocantins, a Coordenação e Articulação dos Povos Indígenas do Maranhão (COAPIMA) e a Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins (ArPIT), respectivamente, para compor a Rede de Monitoramento Territorial Indígena da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
Conteúdos de cartografia, direitos indígenas, instrumentos de gestão territorial e manuseio de aplicativos de coleta de dado geográfico para preparar os Agentes de Monitoramento Indígenas no levantamento de informações importantes sobre os territórios indígenas e registrando essas informações com coordenadas geográficas, para subsidiar documentos para incidências políticas são temas que estiveram presentes dentro do curso. A Gerente de Monitoramento Territorial Indígena, Vanessa Apurinã, diz que o evento é relevante para esses povos, pois foi pensada no plano de ação da Gerência de Monitoramento Territorial Indígena, e aborda a questão de proteção territorial, autonomia e o empoderamento dos monitores no uso das tecnologias para monitoramento de gestão territorial “Trabalhar com a tecnologia é melhorar o trabalho dos monitores que já fazem isso de forma milenar, hoje unimos a tecnologia com saberes tradicionais indígenas”. O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), é o parceiro da Coiab para que o evento pudesse ocorrer, o analista de pesquisa representante do IPAM, Raí Pinheiro Alves, diz que a parceria entre o IPAM e Coiab representa o poder de autonomia para os povos, e manter uma parceria histórica que o IPAM, que já é de longa data, “as populações podem mapear e isso pode acelerar processo de denúncias, além de identificar nos territórios os produtos locais como: castanha, açaí etc, assim desenvolver projetos em cima desses dados coletados”. Além do IPAM, outros parceiros para a realização da formação foram a Wildlife Conservation Society (WCS), Norway’s International Climate and Forest Initiative (Nicfi) e Innovating Nature Restoration & Reforestation (Land Life).
Durante uma das pautas citadas, Marciel Krikati, do Território Indígena Krikati-TO, destaca que “onde nós passa é monitoramento”, essa fala surge ao indagar sobre o que seria monitoramento indígena, “se a gente não monitora a gente não sabe o que acontece”. Explica ainda sobre o impacto do curso “… impacta no conhecimento, na continuidade da ancestralidade, quando permanece a ancestralidade nós ainda vive. Tem ações que acaba com nosso mato, rio, cultura. Usamos isso para educar os jovens sobre nosso território”. Donizete Hataware Javaé, do Território Indígena Ilha do Bananal–TO, viu o curso como forma de aprendizado e como um intercâmbio entre parentes, “… no meu territória a questão é fogo, madeira, desmatamento, então é importante curso que nos ajudem a mapear os lugares, ver diferentes realidades e iguais ao mesmo tempo, fazem a gente trocar como nós podemos trabalhar”.
Alcebias Sapará, vice-coordenador da Coaib, reforça a importância de ter parceiros e se manter ativa nos territórios “Graças as parcerias que pelas articulações da coordenação e gerências é possível realizar ações como essa. Explorar o potencial econômico, social e a forma de organização de cada povo, principalmente da Terra Indígena Arariboia, para que cada dia eles possam estar mais afrente das suas atividades.” finaliza.
O objetivo do curso é formar uma Rede de Monitoramento a partir da 1ª Formação dos Agentes de Monitoramento Indígena (AMIS). Assim como fazer um levantamento da Rede de Governança e fluxo de informação das organizações de base da Coiab. Além de que as pessoas envolvidas possam de fato ser mais independente de organizações e estejam no protagonismo de suas próprias atividades.
Texto: Robson Baré
Fotos: Pepyaká Krikati e Vanessa Apurinã
1ª Formação dos Agentes de Monitoramento Indígena reúne 7 povos indígenas do Maranhão e Tocantins
Terra Indígena do Arariboia (MA) foi escolhida como ponta pé inicial do curso realizado pela Gerência de Monitoramento Territorial Indígena(GEMTI) da Coaib
Por: