De 2 a 8 de agosto, Brasília receberá a IV Marcha das Mulheres Indígenas. O encontro é considerado a maior assembleia de mulheres originárias do Brasil. Neste ano, o tema que a Amazônia carrega é “Pelo Clima e pela Amazônia: A Resposta Somos Nós”. Vinda de todos os biomas do país, o evento reunirá milhares de mulheres e lideranças indígenas que mais uma vez irão demarcar o chão da capital federal, com objetivo de construir coletivamente estratégias de enfrentamento à crise climática, defesa de direitos e fortalecimento político das mulheres indígenas.
Neste ano, as tendas da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (Umiab) e da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) terão uma programação intensa e estratégica, reafirmando que a resposta à destruição da Amazônia e à violência contra os povos originários não virá de fora: “A Resposta Somos Nós.”
O tema principal da IV Marcha das Mulheres Indígenas leva o tema: “Nosso corpo, nosso território: Somos guardiãs do planeta pela cura da terra”, refletindo a importância da conexão entre o corpo feminino indígena, a terra e a ancestralidade, e como a defesa do território é essencial para a sobrevivência física e espiritual desses povos. O que reflete no tema que a Umiab leva para Brasília.
Tenda da Umiab: Vozes da Floresta em Movimento
Com apoio da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), a programação da Tenda da Umiab inicia no dia 3 de agosto com uma abertura espiritual e a apresentação das delegações amazônicas. Ao longo da semana, serão promovidos debates sobre violência obstétrica, diálogos construtivos para chamada de apoio específico às mulheres indígenas da Amazônia, economia indígena, estratégias para a COP 30 e construção de alianças regionais. O espaço será também um lugar de acolhimento, escuta, articulação e expressão cultural. A tenda da Umiab também recebe lideranças dos movimentos sociais e mulheres indígenas dos 8 países da Bacia Amazônica.
A Coordenadora-Geral da Umiab afirma: “A vida da mulher indígena é de extrema importância, somos as geradoras da vida e as principais protetoras de nossos territórios, de nossos corpos, de nossas crianças e de nossas avós. Por isso, o lugar das mulheres é a terra, ela nos conecta, reúne povos, promove trocas de saberes ancestrais e é um símbolo vivo de resistência. A Marcha das Mulheres Indígenas não é apenas um evento pontual, ela representa um processo que acontece antes, durante e depois do ato em si. Seguimos firmes como a Amazônia: ‘fortalecidas, presentes, ativas e participando tanto da marcha quanto da conferência das mulheres indígenas’.”

Foto: Bruna Sirayp
Painel do Fundo Indígena da Amazônia Brasileira “Atuação em rede: Podáali e Umiab para mulheres indígenas da Amazônia”
Um dos momentos mais aguardados será o painel realizado no dia 4 de agosto (segunda-feira), às 14h, na Tenda da Amazônia, que reunirá representantes do Podáali – Fundo Indígena da Amazônia Brasileira e lideranças da Umiab para debater formas concretas de atuação em rede, visando a construção da 3ª Chamada do Podáali que terá como foco o apoio às mulheres indígenas amazônidas. O objetivo é fazer o fortalecimento da autonomia econômica, política e espiritual das mulheres indígenas da Amazônia, com propostas de financiamento, gestão territorial e sustentabilidade pensadas a partir dos saberes tradicionais.
1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas: protagonismo histórico
A IV Marcha marca a realização da histórica 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, cuja abertura oficial acontece no dia 4 de agosto na Tenda da Anmiga. Essa conferência representa um marco inédito na luta das mulheres originárias por visibilidade e participação ativa nas decisões nacionais. A presença das delegadas da Amazônia é estratégica: são elas que enfrentam os impactos diretos do desmatamento, das mudanças climáticas e da violência institucional em seus territórios. Sua participação garante que as vozes da floresta estejam no centro das discussões e da formulação de políticas públicas voltadas à justiça climática e aos direitos coletivos.
Tenda Anmiga: Articulação Política e Representatividade
Já a Tenda da Anmiga abre oficialmente no dia 4 de agosto com a Grande Assembleia das Mulheres Indígenas, reunindo a Bancada do Cocar, um coletivo formado por mulheres indígenas que ocupam cargos estratégicos em diferentes esferas do poder público. Entre as participantes confirmadas estão a Ministra dos Povos Indígenas e Co-fundadora da Anmiga, a Deputada Federal e Co-fundadora da Anmiga, Célia Xakriabá, a Presidenta da Funai, Joenia Wapichana, além de representantes da Amazônia Brasileira como a coordenador-geral da UMIAB, Marinete Tukano, e a coordenadora-secretária da Coiab, Marciely Tupari, entre outras lideranças nacionais.
Além dos painéis, o espaço será dedicado à partilha de experiências das caravanas originárias e à construção da agenda para a Caravana das Originárias de 2026.
A Marcha
No dia 7 de agosto, a mobilização toma as ruas de Brasília com a IV Marcha das Mulheres Indígenas, que este ano ecoa o grito: “Nosso corpo, nosso território: Somos as guardiãs do planeta”. Mulheres de diferentes biomas e povos caminharão até o Congresso Nacional em defesa de seus corpos, territórios e modos de vida.
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Foto de capa: Isaka Huni Kuin