Na tarde do dia 09 de abril, no Acampamento Terra Livre (ATL) de 2025, a Rede de Advogados e Advogadas Indígenas da Amazônia Brasileira participou da roda de conversa com o tema “Desafios e Estratégias para a Defesa dos Direitos e Garantias dos Povos Indígenas” na tenda da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). O encontro reuniu advogados de toda Amazônia Brasileira, profissionais do direito representando as suas organizações pertencentes a rede Coiab. O painel teve como objetivo debater os principais obstáculos enfrentados pelos povos indígenas e as formas de resistência e articulação jurídica na região amazônica.
A Rede de Advogados e Advogadas Indígenas conta com os povos: Guajajara, Baré, Tukano, Macuxi, Apurinã, Marubo, Kaxinawa, Wapichana, Kokama. Além dos advogados indígenas participaram do momento a Coordenadora Secretária da Coiab, Marciely Tupari; a coordenadora da Coordenação das Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima), Marcilene Guajajara; Drº Paulo Pankararu e Sandro Baré, Diretor financeiro do Fundo Indígena da Amazônia Brasileira – Podáali.
O momento contou com Kari Guajajara, coordenadora da Rede de Advogados e Advogadas Indígenas da Amazônia Brasileira, fazendo uma homenagem a Drª Cris Baré, que faleceu em 2024 e referência na advocacia indígena e teve papel fundamental na consolidação da rede. Kari Guajajara relembra que Cris lutou pelo movimento indígena até seu último dia de vida “No seu último mês de vida, ela estava escrevendo um projeto para Niatero, para conseguir contratar os nossos advogados e as e as nossas advogadas da Amazônia Brasileira. Não tem como formar uma mesa da advocacia indígena na Amazônia sem celebrar o trabalho, a memória da Drª Cris Baré. Não tem como formar uma mesa da advocacia indígena na Amazônia sem dizer que essa advocacia, ela não nasce de outras mãos, senão de uma mulher indígena, mãe que dedicou a sua vida para Coiab. Primeiro, ela atuou como secretária na secretaria executiva da Coiab. Ela começou na Coiab muito antes de ser advogada.”

Kari Guajajara em plenária no ATL 2025. Foto: Pepyaka Krikati. Brasília-DF, abril de 2025.
O painel também busca fortalecer a atuação da advocacia indígena, compartilhando experiências, construindo redes de apoio e fomentando estratégias de incidência política e jurídica em defesa dos direitos territoriais, culturais e ambientais. Em um contexto de constantes ameaças aos territórios tradicionais e retrocessos legislativos, a troca de saberes e a articulação coletiva se tornam ferramentas fundamentais na luta por justiça e dignidade.
Sandro Baré também rememora a participação de Cris Baré na criação do Fundo Indígena da Amazônia Brasileira – Podáali, hoje considerada sócia fundadora “… a Dra. Cris teve uma passagem muito marcante no Fundo Indígena da Amazônia Brasileira. O Fundo Indígena foi algo que foi sonhado mais de 20 anos e há 11 anos começou esse diálogo ali na região do Alto Rio Negro e no ano de 2019 o fundo, ele começou a se tornar realidade. Lá estava a Dra. Cris, uma sócia fundadora do fundo Podáali. Quando nós fomos em falar de Podáali, nós vamos lembrar que a Dra. Cris, ela esteve lá e teve uma contribuição importantíssima na construção de todo esse processo. Ela ajudou a gente construir o estatuto social do fundo Podáali que hoje está em vigor”.
Lançamento do livro Práticas de Advocacia Indígena no Brasil
Aproveitando o momento, a assessoria jurídica da Coiab fez o lançamento do livro: Práticas de Advocacia Indígena no Brasil. A missão do livro é incentivar a advocacia indígena, entendendo como trabalhar com e pelos territórios, com pautas desde o tribunal até para as missões internacionais.
Drº Paulo Pankararu ressalta a importância para a construção do livro “A Drª Cris com o seu perfil diplomático, conciliador e de liderança colaborou muito para que se consolidasse essa experiência, porque nós tivemos um trabalho de advogados indígenas de todas as regiões do Brasil, Amazônia, do Nordeste, do Sul, do Sudeste, todas as organizações de base, indicaram os seus advogados e advogadas e conseguimos criar um grupo muito forte para realizar o trabalho em defesa da advocacia indígena.”
Cris Baré
Drª Cris Baré foi responsável pela Coordenação da Assessoria Jurídica da Coiab, assim como coordenadora da Rede de Advogadas e Advogados Indígenas da Amazônia Brasileira. Sócia-fundadora do Fundo Indígena da Amazônia Brasileira- Podáali e esteve presente em articulações dentro do Supremo Tribunal Federal lutando por todos os povos indígenas, não só da Amazônia, mas sim de todo o Brasil.