Roda de conversa Comunicação e democracia: fortalecendo as narrativas e visibilidade em forma de defesa dos territórios indígenas”

Comunicadores da Amazônia relatam desafios e conquistas de como comunicar territórios indígenas da Amazônia Indígena

Por: Robson Delgado Baré

Publicada em: 09/04/2025 às 11:12

No contexto de crescente mobilização pela garantia dos direitos dos povos originários, foi realizada, na Tenda da Coiab no Acampamento Terra Livre de 2025 (ATL), a Roda de Conversa “Comunicação e Democracia: fortalecendo as narrativas e visibilidade em forma de defesa dos territórios indígenas”. O encontro teve como objetivo promover o diálogo de comunicadores sobre o papel estratégico da comunicação na luta pela visibilidade, preservação cultural e defesa dos territórios e direitos indígenas.

Reunindo comunicadores indígenas, a roda de conversa reflete sobre como as mídias tradicionais e alternativas podem (e devem) contribuir para a construção de narrativas mais justas, diversas e representativas. Em tempos de desinformação e silenciamento de vozes originárias, a comunicação se torna uma ferramenta fundamental para fortalecer a democracia e os direitos coletivos.

Participaram do painel Kaiti Trompare, do povo Gavião, comunicador indígena da Coiab pelo Pará; Bruninho Kaxuyana, do povo Kaxuyana/Tyrio, comunicador indígena da Coiab pelo Amapá; Isaka Huni Huin, comunicador indígena da Coiab pelo Acre; Caique Souza, do povo Wapichana, comunicador indígena do Conselho Indígena de Roraima (CIR); Mayla Karajá, do povo Karajá, comunicador indígena da Coiab por Tocantins e mais participantes.

Isaka Huni Kuin, Comunicador da Coiab pelo Acre, reflete sobre ser um comunicador indígena “Muitas pessoas têm a visão da comunicação como só tirar foto, não só filmar ou postar no Instagram. Muito de nós aqui estamos com uma função. Um exemplo, eu sou fotógrafo, mas também faço parte de algumas missões, como edição de vídeo, que é o estilo. A gente vai descobrindo na nossa, como eu falei aqui. A gente tá trabalhando na formação de comunicação do nosso estado e a gente vai descobrindo o caminho de cada um”.

Painel de comunicação no ATL 2025. Foto: Doetiro Tukano. Brasília-DF, 2025.

Além da troca de experiências e vivências, o painel busca ampliar o alcance das vozes indígenas e fomentar práticas comunicacionais comprometidas com a verdade, a justiça social e a pluralidade cultural. A iniciativa também pretende destacar experiências de mídia indígena, jornalismo comunitário e articulações em rede que vêm ocupando espaços importantes na defesa dos territórios e modos de vida tradicionais. A Roda de Conversa debate Comunicação e Democracia na defesa dos territórios indígenas

Mayla Karajá relata sobre a participação de mulheres “Tem uma forma de mostrar que nós, mulheres indígenas, somos capazes, que nós pensamos, decidimos, lideramos e nos comunicamos com muita potência e competência. E que quando uma de nós tá nesses espaços, a gente não fala só por nós, a gente fala por todas que vieram antes de nós, todas as nossas ancestrais e a gente fala por todas as outras gerações futuras de comunicadoras.” e finaliza “… acredito que a gente hoje em dia influencia muito as jovens, as crianças, os adolescentes a olharem com mais atenção a parte da comunicação. Porque a gente ser comunicadora para todo mundo a força da mulher indígena.”

Foto: Nailson Wapichana, Acampamento Terra Livre 2025. Brasília-DF