Iniciativas voltadas à proteção territorial, educação e saúde dos povos indígenas no Maranhão foram tema de uma mesa de diálogo promovida pela Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (COAPIMA) durante a 25ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL). O encontro aconteceu nesta terça-feira (8) às 14h, na tenda da Coiab, e reuniu lideranças para debater ações que vêm sendo desenvolvidas nos territórios.
A mesa contou com representantes do Mosaico Gurupi, articulação que busca oficializar um conjunto de áreas protegidas no Maranhão e no Pará, incluindo as Terras Indígenas Araribóia, Caru, Rio Pindaré, Alto Turiaçu, Awá e Alto Rio Guamá (PA), além da Reserva Biológica do Gurupi. Também participaram o Projeto Hämy, que presta apoio a pacientes indígenas com câncer, e o Instituto Tukan – Centro de Saberes Tenetehar, que trabalha para a criação da primeira universidade indígena do Brasil dentro de um território indígena.
A coordenadora da COAPIMA, Marcilene Liana Guajajara, destacou a importância do protagonismo indígena na formulação de políticas e projetos voltados aos territórios. “Nosso estado é plural, com uma grande diversidade biológica, cultural e linguística. Cada território apresenta demandas específicas, e nós, com a força das nossas comunidades, buscamos formas de atendê-las. Essa mesa é um exemplo da importância das iniciativas indígenas na construção de soluções eficazes para os desafios do dia a dia.”

Mesa de apresentação do rojeto Hämy. Foto: Pepyaká Krikati
A programação teve a presença de Silvio Santana Guajajara, do Instituto Tukan; Lourenço Milhomem Krikati, do Projeto Hämy; e Rosilene Guajajara, representante do Mosaico Gurupi. A Coiab foi representada por sua coordenadora-tesoureira, Dineva Kayabi. O Acampamento Terra Livre é a maior mobilização indígena do Brasil e reúne lideranças de diversos povos para debater estratégias e fortalecer a luta pelos seus direitos.
Pensado e planejado desde 2017, o Projeto Hämy iniciou as atividades este ano e já atendeu em 2025, mais de 300 pacientes indígenas com câncer e busca ampliar sua rede de parceiros para garantir maior suporte às famílias e acesso a tratamentos adequados. O objetivo principal do projeto é implantar uma rede de atenção oncológica que atinja os níveis de atenção primária, secundária e terciária que atenda a toda população indígena do estado do Maranhão.
Na Terra Indígena Araribóia, floresce o sonho de uma universidade indígena dentro do território. O Centro de Saberes Tenetehar, do Instituto Tukan, vem se organizando para consolidar essa iniciativa, oferecendo formação superior para jovens indígenas em um ambiente que valoriza seus conhecimentos, proporciona contato direto com a natureza e fortalece perspectivas de futuro dentro das comunidades.
No Maranhão, vivem mais de 14 povos indígenas, distribuídos em 17 territórios demarcados, que representam os últimos remanescentes da Floresta Amazônica no estado, além de áreas de preservação do Cerrado. No entanto, esses territórios enfrentam constantes pressões, como o avanço das monoculturas e da pecuária, invasões, retirada ilegal de madeira, criação de gado e tentativas de alteração dos marcos demarcatórios.
Foto de capa: Pepyaká Krikati