Oficina sobre Transição Energética Justa reúne mais de 25 povos indígenas em formação com apoio da 350.org

Encontro debateu os impactos do atual modelo energético e apontou caminhos para uma transição justa, ecológica e com protagonismo popular

Por: Robson Delgado Baré

Publicada em: 18/06/2025 às 12:46

Com o tema “Transição energética, ecológica, justa e popular”, aconteceu no dia 12 de junho em Rondônia, por meio do Centro Amazônico de Formação Indígena (CAFI). A oficina formativa voltada à construção de uma nova visão sobre energia no Brasil, fundamentada na justiça social, ambiental e climática. A atividade foi apoiada pela organização 350.org e contou com a facilitação de Francisco Kelvin, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), referência nacional na luta por soberania energética e pelos direitos das populações impactadas por grandes empreendimentos.

A formação abordou temas fundamentais para compreender os desafios e caminhos possíveis rumo a uma transição energética verdadeiramente popular. Entre os principais conteúdos discutidos estiveram: energia na sociedade capitalista, o contexto da crise climática, a geopolítica da energia e suas bases naturais, a disputa e estratégias do capital em torno da energia, o modelo da transição energética hegemônica, o papel do Brasil nesse cenário, e os caminhos para uma transição energética justa e popular.

Francisco Kelvin do MAB fala sobre a importância do curso “A discussão da transição energética fruto do acúmulo histórico que o movimento tem a partir da organização contra os grandes empreendimentos e para a transformação do modelo energético atual no Brasil, contribuindo com esse processo de formação que junta lideranças de Rondônia, do Acre, do Mato Grosso e um processo de formação, formulação de propostas concretas para transformação dessa realidade especificamente na Amazônia, mas também no sentido de construção, levando em consideração as proposições no qual os povos indígenas têm construído com relação a esses empreendimentos relacionados a transição energética”.

Durante a oficina, Francisco Kelvin destacou como o atual modelo energético está profundamente ligado à lógica do lucro e da concentração de poder, muitas vezes à custa das comunidades e do meio ambiente. Em contrapartida, a proposta de uma transição justa busca colocar as pessoas e o território no centro das decisões, promovendo um modelo descentralizado, sustentável e com controle popular.

Francisco Kelvin do MAB em aula sobre transição energética. Porto Velho (RO) Foto: Rafael Melgueiro – 2025

A atividade fez parte de uma série de formações que visam fortalecer as lideranças indígenas da Amazônia Brasileira em torno da construção de alternativas concretas para enfrentar a crise climática e o modelo energético predatório vigente.

Para Gracinha Manchineri, Gerente do CAFI ressalta a participação das lideranças indígenas no curso “Trazer a questão da da transição energética, é também proporcionar para as lideranças indígenas um conhecimentos sobre como que funciona a questão da transição, a proposta está sendo colocada para o entendimento do que são os mecanismos de espaço de discussão que essas lideranças têm no sistema do governo para estar dialogando, colocando as suas preocupações, principalmente naqueles territórios que são muito impactado. Existe uma política do governo de discutir sobre transição energética, porém essa transição energética de que maneira, como que vai ser e quem são realmente os beneficiados e principalmente como é que está a participação dos povos indígenas nessa discussão. Pois discutir transição energética sem a participação dos povos indígenas não é inclusivo”.

A iniciativa reforça o compromisso da 350.org e de parceiros como o MAB na luta por justiça climática, soberania energética e por uma sociedade que priorize a vida acima do lucro.
Um dos cursistas Héliton Kaxinawá, do povo Huni Kui, é liderança do Território Indígena Rio Jordão, no estado do Acre fala sobre o que é transição energética ao e sua perspectiva “Uma transição energética justa não é apenas a substituição de uma fonte de energia por outra, mas sim uma repartição de benefício justa para que venha minimizar o máximo possível das consequências ambientais dos povos indígenas e também respeitar os direitos culturais e territoriais” finaliza.

A aula ocorreu durante a formação continuada para lideranças indígenas sobre “Povos Indígenas & REDD+ Jurisdicional” realizada pelo CAFI, com apoio do Fundo Internacional de Mulheres Indígenas (FIMI), Fundo Kawari e GIZ Brasil.

FOTOS: Jakeline Xavier e Rafael Melgueiro