NOTA PÚBLICA: COP26 – GLASGOW 2021

Os povos indígenas da Amazônia brasileira no fronte da emergência climática global

Publicada em: 05/11/2021 às 00:00

Mais uma vez estamos na dianteira da luta! Diversas lideranças da Amazônia brasileira estão neste momento em Glasgow, na Escócia, participando da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), que vai até o dia 12 de novembro[highlight= rgb(255, 255, 255)].

Junto com representantes de outros povos originários de todos os continentes, estamos discutindo o futuro global e reafirmando o papel estratégico das populações indígenas no enfrentamento à crise climática. Deixamos claro que, sem nós, não há solução para a humanidade. Sem os nossos territórios, não há garantia para a sobrevivência de todas as espécies que habitam o planeta.

Em Glasgow, também estamos cobrando o que é de responsabilidade dos Estados, exigindo que acordos e compromissos já assumidos em outras conferências mundiais, e visando a conservação da Amazônia e a contenção do desmatamento, sejam cumpridos. Já sentimos as mudanças do clima em nossas comunidades. Somos os protetores da Floresta, e sabemos quais são as prioridades e urgências para impedir a sua destruição.

Queremos a demarcação e a proteção das nossas terras ancestrais, bem como a retirada dos invasores, madeireiros, garimpeiros e fazendeiros que nos ameaçam constantemente. Não permitiremos mais perseguições aos defensores dos nossos territórios, não permitiremos mais genocídios.

Nesta COP26, não temos mais tempo a perder. Não aceitaremos que os governantes tomem decisões sem a nossa consulta e participação. Exigimos ações imediatas contra a exploração predatória da Amazônia. Na contramão do mundo, o Brasil aumentou as emissões dos gases de efeito estufa em plena pandemia da Covid-19.

Também não vamos permitir a atuação incoerente dos governadores dos Estados da Amazônia. Governadores do Acre, Mato Grosso, Pará e Rondônia estão presentes em Glasgow. Gastaram milhares de reais dos cofres públicos para irem à Europa discursar sobre economia “verde”, desenvolvimento de baixo carbono, equilíbrio climático e bem viver das comunidades. Ao mesmo tempo, homenageiam garimpeiros que contaminam nossos rios com mercúrio, liberam as queimadas, e diminuem áreas de unidades de conservação onde vivem populações tradicionais e indígenas.

Assim, queremos saber quais serão os mecanismos que o Brasil e todos os seus governantes irão adotar para atingir a meta estabelecida no Acordo de Paris e manter o aumento da temperatura média global em 1,5°C? Queremos saber como o governo Bolsonaro, e como os governos estaduais da Amazônia, irão cumprir os compromissos assumidos na COP-26? Queremos saber o que será feito para proteger os territórios indígenas e seus povos? Por fim, reafirmamos que a nossa luta é pela vida. E o planeta, para enfrentar a crise climática, precisa de nós, povos indígenas!


Manaus, 05 de novembro de 2021
Coordenação das Organizações indígenas da Amazônia (COIAB)