NOTA DE PESAR – Amado Menezes Filho

Tuxaua Geral das aldeias Sateré-Mawé do Rio Andirá, é mais uma vítima da Covid-19 e do desgoverno brasileiro.

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Publicada em: 16/10/2020 às 02:00

Com profundo sentimento de pesar, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) lamenta a partida de mais uma grande liderança indígena da Amazônia e um dos fundadores da nossa organização. Amado Menezes Filho, Tuxaua Geral das aldeias Sateré-Mawé do Rio Andirá, no município de Barreirinha (Amazonas), tinha 64 anos e fez sua passagem no início da noite desta quinta-feira (15). Mais uma vítima da Covid-19, e da arbitrariedade do governo brasileiro em prestar atendimento adequado à saúde dos povos indígenas!

Como um grande líder do seu povo, Amado estava na linha de frente do combate à Covid-19, inclusive, denunciando o fim das barreiras sanitárias e a estrutura precária do governo, que culminou no aumento de casos da doença na região do rio Andirá nos últimos meses. No dia 2 de junho, ele e outras lideranças da Terra Indígena Andirá Marau protocolaram uma Nota de Repúdio contra a retirada da equipe do DSEI Parintins da barreira sanitária montada em uma força-tarefa entre indígenas e órgãos públicos.

Após ser diagnosticado com o coronavírus, foi internado no dia 23 de setembro, no Hospital Regional Jofre Cohen, em Parintins, no Amazonas. Por determinação da Justiça, esperava a transferência para uma UTI em Manaus. Porém, a transferência atrasou, seu quadro clínico se agravou, e Amado não resistiu.

Para nós, povos indígenas, sua morte representa uma perda irreparável. Ele foi um dos fundadores da COIAB, no final da década de 80, e junto com outras lideranças, articulou o movimento indígena da Amazônia para dentro e fora das aldeias.

Na região do Baixo Amazonas, Amado lutou contra a invasão dos territórios indígenas pelos extratores de madeira e grileiros. Também atuou nas áreas da saúde e da educação, participando ativamente das discussões das propostas curriculares das escolas indígenas. No início deste ano, denunciou o desmonte e o enfraquecimento da Funai e a paralisação da demarcação das Terras Indígenas no Brasil.

Prestamos nossa solidariedade aos familiares, amigos e a todo o povo Sateré-Mawé, e também a nossa homenagem a este grande guerreiro que lutou bravamente até o fim.

Seguiremos na luta pela vida dos nossos parentes!



Manaus-AM, 16 de outubro de 2020.
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB)