Nota da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) sobre a nomeação da presidência da COP30

Por: Coordenação Executiva Coiab

Publicada em: 21/01/2025 às 21:14

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) recebe a notícia da indicação do embaixador André Corrêa do Lago como presidente da COP30 e Ana Toni como diretora executiva com boas expectativas. Com suas amplas experiências em negociações internacionais e na agenda climática, acreditamos que poderão contribuir para avanços significativos nas metas globais de enfrentamento à crise climática.

Essa escolha demonstra um esforço do governo federal, mas ainda não garante o que realmente esperamos: o protagonismo dos povos indígenas nas discussões climáticas. Sendo uma COP na Amazônia, é imprescindível que nossa voz, como guardiões históricos das florestas, esteja no centro do debate e das decisões. Por isso, a Coiab reivindica a co-presidência da COP30, para assegurar que as soluções discutidas sejam a partir de quem vive e protege a floresta todos os dias, sendo fundamentais para o equilíbrio climático.
Desde a COP16 da Biodiversidade, a Coiab, o G9 da Amazônia Indígena e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) têm reafirmado, de forma incisiva, o papel central das organizações e lideranças indígenas no debate e na tomada de decisões climáticas globais. É essencial que a comunidade internacional e o Estado brasileiro reconheçam a contribuição fundamental dos povos indígenas na preservação dos biomas e no equilíbrio climático global.

Dados recentes confirmam que as terras indígenas são barreiras naturais contra a crise climática. Segundo estudos, as áreas demarcadas e protegidas pelos povos indígenas armazenam cerca de 25% do carbono da Amazônia e apresentam taxas de desmatamento significativamente menores em comparação com áreas não protegidas. Além disso, a gestão sustentável dos territórios indígenas preserva serviços ecossistêmicos fundamentais, como o ciclo das chuvas, a regulação da temperatura e a proteção da biodiversidade.
Sobretudo após o discurso negacionista de Trump sobre explorar cada vez mais petróleo e a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, reforçando a visão capitalista da exploração dos recursos naturais sem respeitar as metas globais de emissão de gases de efeito estufa, colocando o planeta em limites irreversíveis. Nós, povos indígenas, não abriremos mão do nosso compromisso em defesa da vida. Nosso conhecimento ancestral e a defesa intransigente dos territórios são indispensáveis para o enfrentamento da crise climática e para a construção de um futuro sustentável para todos.

“A Coiab reforça que a justiça climática passa, obrigatoriamente, pela inserção dos povos indígenas no centro das decisões. Nosso protagonismo é indispensável para que as soluções climáticas sejam verdadeiramente efetivas e equitativas. Seguiremos firmes na luta por uma Amazônia viva, por nossos direitos e pelo futuro do planeta.” – Toya Manchineri, coordenador-geral da Coiab.

A resposta somos nós.

Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab)
21 de janeiro de 2025.