Defesa dos direitos dos povos indígenas isolados e transição energética justa são alguns dos temas debatidos por lideranças da Amazônia brasileira na 24ª Sessão do Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas (UNPFII), que acontece até 2 de maio em Nova York. A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) integra a programação do evento, participando de painéis e discussões ao longo do fórum sobre direitos humanos, fim da exploração de petróleo, liderança feminina e a campanha ‘A Resposta Somos Nós’ por justiça climática.
O projeto de exploração de petróleo na Foz do Amazonas foi criticado pelo coordenador-geral da Coiab, Toya Manchineri, em painel que discutiu os caminhos para a COP30. A mesa teve a presença de lideranças do G9 da Amazônia Indígena – Brasil, Peru, Colômbia e Equador – que abordaram os impactos do petróleo e gás e os caminhos para uma transição energética justa baseada na livre determinação dos povos indígenas.
“Se já sabemos que para limitar o aquecimento a 1,5ºC é necessário abandonar os combustíveis fósseis, por que o país sede da próxima COP quer abrir uma nova fronteira petrolífera?”, questionou Toya. Ele citou os riscos sociais e ambientais que a exploração de petróleo traria para a Amazônia, comprometendo os modos de subsistência de indígenas e ribeirinhos e ecossistemas de manguezais e recifes importantes para o equilíbrio ecológico.
“Explorar petróleo na foz do Amazonas é incompatível com a justiça climática, os direitos dos povos indígenas e o futuro do planeta”, argumentou Toya.
Povos isolados
O impacto de grandes empreendimentos e a crise climática também afetam os povos indígenas em isolamento voluntário, que acabam sendo empurrados de seus territórios e forçados a ter contato com a sociedade não-indígena. Os direitos dessas populações estão no centro do debate do UNPFII este ano, como no painel “PIACI: Territórios e financiamento”, a partir das 10h desta quarta-feira (23), que terá a participação da coordenadora da Assessoria Jurídica da Coiab, Kari Guajajara. O coordenador-geral Toya participa às 11h30 do painel “Mecanismo de vozes dos povos indígenas da Amazônia da OTCA”.
Na sexta-feira (25), a partir das 10h, haverá o lançamento do livro ‘Metodologias para o reconhecimento dos Povos Indígenas em Isolamento da Amazônia e Gran Chaco’, do GTI-PIACI, do qual a Coiab faz parte. Às 15h, Toya participa do painel ‘Iniciativa dos corredores territoriais dos povos indígenas isolados’, onde falará do projeto da Coiab ‘Corredores Transfronteiriços Brasil-Peru’’. Na segunda-feira (28), o coordenador-geral da Coiab integra o evento paralelo do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Por fim, na terça-feira (29), às 10h, a assessora internacional da Coiab, Alana Manchineri, falará no painel ‘Mulheres Defensoras da Amazônia: liderança e resistência por territórios e vida’.
A Coiab tem status de consultora no Conselho Econômico e Social (ECOSOC) da ONU, estrutura que engloba o UNPFII. A participação da Coiab no Fórum conta com o apoio de Rainforest Norway, Fundo Bezos, Podáali – Fundo Indígena da Amazônia Brasileira, Climainfo e Iepé, com tradução do Stand.earth.
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