Durante a tarde do primeiro dia (07 de abril) do Acampamento Terra Livre (ATL) realizado em Brasília–DF, aconteceu a “Roda de Conversa: Conjuntura local e geopolítica Global”, na qual reuniu convidados da Rede Coiab e organizações indígenas pertencentes ao G9. Com o debate que trazia a realidade dos povos indígenas em relação ao momento político de seus estados e países, entendendo como os povos indígenas são afetados de diferentes formas.
Estiveram presentes no painel Marciely Tupari, Coordenadora-Secretária da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Kelliane Wapichana, Tuxaua Geral do Movimento de Mulheres Indígenas do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Demétrio Tyrio, Coordenador da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará (Apoianp), Concitá Sompré, Federação dos Povos Indígenas do Pará (FEPIPA), Amaré Akroa-Gamella, Vice-coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins (ArPIT), Varnei Kanamari, representando a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Edina Shanenawa e Ruwi Manchineri, do Movimento Indígena do Acre. Pelo G9 os convidados foram: Thomas Lemmel, presidente da Amerindian Peoples Association (APA), Majo, representando a Confederação das Nacionalidades Indígenas da Amazônia Equatoriana (Confeniae) e Yessica, Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana (Aidesep).
A conversa teve como pauta todas as ameaças que rodam os povos indígenas como grandes empreendimentos e o marco temporal, assuntos esses muito pautados dentro do próprio governo, isso voltado a conjuntura política local. Kelliane Wapichana em sua fala ressalta que o movimento indígena deve priorizar direitos coletivos “Devemos lutar em prol de todos, por nós povos indígenas e não de uma forma individual” também lembra que a conjuntura atual do Brasil, em especial da Amazônia não é favorável para conquistas dos povos indígenas, lembrando todos os problemas sociais e políticos do movimento indígena.
A solicitação e o desejo de ter atores políticos indígenas dentro dos espaços de poder é um consenso dos povos indígenas, para que as vozes do movimento sejam ecoados e entende-se que apenas assim os direitos serão realizados e garantidos, com a presença e dialogo direto com os povos indígenas.

Marciely Tupari em painel no Acampamento Terra Livre de 2025. Foto: Ronaldo Tapirapé – Brasília (2025)
Não muito diferente do Brasil, os países ao redor da Amazônia Brasileira também passam pelo mesmo ou até com mais dificuldades em relação aos direitos dos povos indígenas, enfrentando ameaças como a exploração de recursos naturais, a discriminação social e a violação de direitos. Yessica da Aidesep diz que os indígenas jamais serão silenciados “os povos originários sempre vão estar em pé sempre, lutando e fazendo que os Governos entendam que temos nossas próprias vidas, nossa estrutura e respeitar nossa vida”.
Encerrando o painel, Marciely Tupari fala pela coiab e lembra o momento atual do Brasil em relação aos desafios que os povos indígenas enfrentam “A gente tá num cenário aí bem desafiador no estado brasileiro. Sabemos que teve a questão da aprovação de uma lei 14.701, que mexe muito com a questão da demarcação dos nossos territórios, mas que para além da questão da demarcação do nosso território, tem outros pontos também que mexe, né, principalmente com as nossas vidas. Temos também a situação aí da mesa de conciliação que vem debatendo e tentando arrumar uma forma de conciliar os nossos direitos com a questão ruralista e agronegócio. Quem acompanha situação sabe que o movimento indígena decidiu se retirar dessa mesa de conciliação, porque uma coisa que a gente traz, principalmente quando a gente tá no Acampamento Terra Livre, é que os direitos dos povos indígenas, ele não se negocia” finaliza.