Na Amazônia, a vacinação contra a Covid-19 começou na segunda-feira, 18 de janeiro de 2021, e os primeiros indígenas a serem vacinados foram: Fabiana Guajajara, do povo Guajajara, no Maranhão; Vanda Ortega Witoto, do povo Witoto, no Amazonas; José Ronaldo Xerente, do povo Xerente, em Tocantins; Iolanda Pereira da Silva, do povo Macuxi, em Roraima; Elivar Karitiana, do povo Karitiana, em Rondônia; Elza Severino da Silva Manchineri, do povo Manchineri, no Acre; Demétrio Amisipa, do povo Tiriyó, no Amapá; Elidia Taquiro Peruare, do povo Bakairi, no Mato Grosso e; Rõnore Pahynti, do povo Gavião Akrãtikatejê, no Pará.
“Esse momento é muito importante. Traz para a gente um espírito de solidariedade, de esperança. Nos traz muita alegria ver que algumas lideranças indígenas já foram imunizadas. Mas todos precisam ter esse direito”, pontua Nara Baré, coordenadora geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB).
Porém, o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19, apresentado pelo Ministério da Saúde em 16 de dezembro de 2020, garante a imunização inicial de apenas 45% da população indígena definida como grupo prioritário e define que serão vacinados somente 410.348 indígenas sendo que, de acordo com o último censo demográfico do IBGE, de 2010, a população indígena estimada era de 896,9 mil, número que hoje já se encontra defasado. Outro ponto que o Plano apresenta é o recorte da contagem de doses, que levou em consideração indígenas com 18 anos ou mais atendidos pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SIASI/SESAI), ignorando jovens e crianças indígenas.
Considerando que o reconhecimento da identidade indígena deve ser pautado pelo critério de auto identificação, sem discriminação (Convenção 169, da OIT), é dever do Estado efetivar políticas de atenção da saúde em caráter prioritário aos povos indígenas em todos os contextos, sem distinção.
Para pressionar os Estados para que ajam efetivamente em favor da proteção e da vida dos povos indígenas, a COIAB enviou, nesta terça-feira (19), cartas direcionadas a todos os governadores dos 9 estados da Amazônia legal para que as autoridades se comprometam e garantam que a vacinação contemple todos os indígenas, além da continuidade das ações de assistência básica.
“Desejamos que esse plano se estenda e atenda todos os povos indígenas do Brasil. Isso ainda é uma luta que estamos travando: que 100% da população indígena brasileira seja vacinada, sem distinção, sem discriminação e, principalmente, sem racismo institucional, sem esse genocídio institucionalizado que está em curso desde que Jair Bolsonaro assumiu a presidência da república”, finaliza Nara.