COP30: Saberes indígenas para justiça climática

Por: Valdeniza Vasques

Publicada em: 14/11/2025 às 08:44

Conhecimento ancestral, relação com o governo e governança para a adaptação e justiça climática foram temas abordados durante diálogo na última terça-feira (12) na Zona Azul da COP30, que reuniu lideranças indígenas do Brasil e Austrália. Francisco Pyãnko Ashaninka, coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Juruá (OPIRJ), representou a Coiab na mesa, onde destacou os esforços do movimento indígena da Amazônia para integrar os parentes ao debate climático.

“Tanto a Coiab quanto a Apib fizeram um movimento muito grande para que a gente pudesse compreender melhor esse espaço, para que nossa presença estivesse alinhada e pudéssemos falar em diferentes níveis neste debate. Vieram parentes de todo o lugar do mundo, mas nós, brasileiros, precisávamos fazer parte desse diálogo. Foi um processo que foi amadurecendo”, destacou a liderança.

Francisco ressaltou que as vozes indígenas precisam chegar ao espaço da COP, e não só “a partir do olhar de gabinete”.

“Temos que ir nos territórios, o processo ainda é muito pequeno. Nós sabemos que a COP tem muitas negociações que a gente não participa, que muitas vezes não conseguimos deixar uma mensagem. Aqui no Brasil, deixamos muito claro o papel das terras indígenas no combate à crise climática, que são o lugar mais bem protegido”, destacou. Para a liderança, a demarcação de terras indígenas deve ser uma prioridade do governo enquanto ação climática.

Anne Poelina, mulher indígena Nyikina Warrwa da Austrália, destacou a importância de “conectar sistemas de conhecimento” indígena e não indígena para enfrentar a crise climática. “A sabedora indígena precisa vir para a mentalidade de decisão dos líderes”, defendeu a professora.

Fotos: Kaiti Topramre