Lideranças indígenas da Amazônia brasileira participaram da abertura do Pavilhão Indígena na COP29, nesta segunda-feira (11), em Baku, no Azerbaijão. O espaço oficial organizado pelo Fórum Internacional dos Povos Indígenas sobre Mudanças do Clima (Caucus Indígena), tem o objetivo de reunir povos indígenas das sete regiões do mundo para diálogos e intercâmbio de conhecimentos em torno da discussão climática. Ao longo da COP29, o pavilhão receberá painéis com variados temas, como transição energética, mercado de carbono, juventude e resiliência climática, fundos de financiamento indígenas, mulheres na ação climática, entre outros.
A cerimônia de abertura teve a participação da co-presidente do Caucus Indígena para a América Latina e Caribe, Sineia do Vale, do povo Wapichana de Roraima. Sineia integra o Conselho Indígena de Roraima (CIR), organização de base da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), e assumiu oficialmente a co-presidência do Caucus Indígena para um mandato até a COP30, que ocorrerá no Brasil em 2025.
Para Sineia, o Pavilhão Indígena é fundamental para garantir que as vozes dos povos originários de todo o mundo sejam ouvidas. Ela destacou como os territórios indígenas têm sofrido com os efeitos severos das mudanças climáticas.
Foto: Isaka Huni Kuin
“As nossas vozes têm que estar no espaço de decisão. Nós temos tidos grandes secas e cheias e precisamos de uma resposta rápida para que nós, os povos indígenas que somos parte da solução, seja implementado ações que garantam direito à terra, à cultura e à vida. Esse pavilhão é uma conquista, porque nem sempre tivemos espaço dentro da UNFCCC”, disse.
A co-presidente do Caucus Indígena também fez um convite para que todos participem da COP30 no Brasil e somem na luta pelos direitos dos povos indígenas. Ela citou pautas urgentes, como a necessidade do financiamento climático chegar de forma direta às organizações indígenas.
Foto: Isaka Huni Kuin
“A questão do financiamento também para garantir o direito dos povos indígenas, discutir mecanismos que nós possamos ter esse recurso diretamente nas organizações indígenas para podermos, de fato, fortalecer o que as comunidades indígenas vêm fazendo com seus conhecimentos tradicionais. Muitas vezes vimos o anúncio de milhões em investimento, mas isso nunca chega nas nossas comunidades. Milenarmente, nós povos indígenas cuidamos do planeta Terra. Nossos conhecimentos tradicionais têm mantido a floresta de pé. Então, nessa COP, nós queremos elevar as nossas vozes e dizer aos governantes dos países que nós temos capacidade de gerir os nossos próprios recursos, de trazer as nossas próprias vozes e estamos aqui lutando por esses direitos”, completou.
Representantes indígenas das sete regiões do mundo compartilharam suas expectativas e experiências sobre a luta em defesa da natureza e de seus territórios, assim como o papel fundamental dos povos originários no equilíbrio climático do planeta. As lideranças performaram cantos tradicionais e abençoaram o espaço inaugurado do Pavilhão Indígena. Representando a América Latina e o Caribe, o comunicador indígena Pepyaká Krikati apresentou dois cantos tradicionais de seu povo e expressou sua alegria em participar de mais uma COP, ao lado de lideranças experientes com longas histórias de luta no movimento indígena ao redor do mundo.
Programação
A Coiab participará de painéis dentro do Pavilhão Indígena ao longo da COP29 (horário de Baku):
12/11, às 17h20 – Painel ‘As mudanças climáticas chegaram em aos nossos territórios ancestrais. E isso não é um problema só nosso!’
Palestrante: Avanilson Karajá
14/11, às 12h20 – Painel ‘Jovens Guardiões do Clima – o papel da juventude indígena no manejo dos biomas e equilíbrio climático’
Palestrante: Mayla Karajá
15/11, às 13h55 – Painel ‘Financiamento Climático e Povos Indígenas no Brasil: o protagonismo dos fundos indígenas no Brasil’
Palestrantes: Avanilson Karajá e Josimara Baré
16/11, às 14h45 – Painel ‘Brigadas indígenas enfrentando um novo cenário climático’
Palestrante: Avanilson Karajá
A participação da Coiab na COP29 é viabilizada por meio da iniciativa ‘Raízes – Fundo de Justiça Climática para Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais’, do Fundo Brasil. Conta ainda com o apoio dos parceiros Avaaz, Uma Gota no Oceano, Instituto Clima e Sociedade (iCS), The Nature Conservancy Brasil (TNC) e World Wide Fund for Nature Brasil (WWF).