Em preparação para a COP30, oito comunicadores representantes das organizações que compõem o ‘G9 da Amazônia Indígena’ participaram de uma formação de comunicação em Belém, no Pará. O curso, promovido pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), teve o objetivo de fortalecer os conhecimentos e estratégias de comunicação da coalizão para incidir na conferência do clima, informando as prioridades e demandas dos povos originários sobre a agenda climática.
Pontos focais de comunicação da Asociación Interétnica de Desarrollo de la Selva Peruana (AIDESEP), da Organización Regional de los Pueblos Indígenas de Amazonas (ORPIA), Confederación de Pueblos Indígenas de Bolivia (CIDOB), da Confederación de las Nacionalidades Indígenas de la Amazonía Ecuatoriana (CONFENIAE), da Asociación de Pueblos Amerindios de Guyana (APA), da Organización Nacional de los Pueblos Indígenas de la Amazonia Colombiana (OPIAC), das Organizaciones Indígenas de Surinam (OIS) e da Federación de Organizaciones Autóctonas de Guyana Francesa (FOAG) participaram da formação.
Os comunicadores tiveram oficinas técnicas sobre fotojornalismo, roteiro, técnicas de edição de foto e vídeo, relação com jornalistas e imprensa, além de ensinamentos sobre a estrutura e funcionamento da UNFCCC, principais negociações e temáticas esperadas para a COP30, Acordo de Paris e o contexto político da conferência e a incidência indígena na agenda climática.
Segundo o coordenador-geral da Coiab, Toya Manchineri, a comunicação é uma importante ferramente de fortalecimento político dos povos indígenas.
“A Bacia Amazônica é grande e diversa e ainda existe muita desinformação sobre os povos indígenas, sobre nossos conhecimentos e culturas. A comunicação é importante para fazer chegar esse conhecimento a outros olhares e ouvidos, para que a sociedade não indígena possa saber a defesa que realizamos pela biodiversidade, pelo clima, sobre o nosso potencial e diversidade cultural. Nosso sonho é unificar a Bacia Amazônica em agenda de comunicação indígena, para o que a gente fala no Equador seja ecoado no Brasil e assim por diante”, explica.

Créditos: Kaiti Gavião
Ruben Guasania, da CIDOB, elogiou a formação. “Em comunicação, nós sempre estamos aprendendo, e acredito que teremos um longo caminho pela frente para usar esta ferramenta em benefício dos nossos povos.”
Representante da OPIAC, Jorge Herrera classificou a experiência como enriquecedora. “Para mim é um orgulho estar representando os comunicadores da minha organização e todas as pessoas que lutam para proteger os povos indígenas”, disse.
“Estou emocionado por ter participado desta grande experiência. Que a COP30 seja um grande evento e façamos um belo trabalho colaborativo”, declarou Welmer Sanchez, da AIDESEP.
Daniela Sotillo, da ORPIA, afirmou que o espaço foi “muito importante e enriquecedor. Nunca pensei que aprenderia tanto em tão pouco tempo. Para mim, o G9 é uma aliança estratégica entre as organizações para consolidar o processo da luta indígena da Amazônia a nível global. Este espaço será o início de muitos processos importantes dentro da Bacia Amazônica.”
Reuel Draaias, da OIS, agradeceu aos palestrantes e organizações envolvidas. “Estou ansioso para colocar em prática os conhecimentos e compartilhar tudo o que aprendi.”

Créditos: Pedro Tukano
“A comunicação é necessária em toda organização. Nós podemos fazer o melhor, mas se não tiver alguém para contar a história, não tem sentido. Eu estou ansioso para ver tudo o que faremos no futuro, inclusive no meu país, onde ainda não temos muitos comunicadores indígenas”, disse Lahkram Bhagirat.
A formação teve como parceiros Nia Tero, Climate and Land Use Alliance, Tinta, Ford Foundation, Tenure Facility, Podáali, Abrinjor, Stand Earth e Burness.
Juntos da Coiab, os comunicadores atuarão em rede durante toda a COP30, fazendo a cobertura dos eventos nas Zonas Azul e Verde da conferência, assim como nos eventos paralelos ligados à agenda do clima e do movimento indígena em Belém.
Foto de capa: TINTA
