De fevereiro a maio deste ano, 30 lideranças indígenas da Amazônia brasileira participarão de um curso de formação estratégica em Manaus–AM, promovido pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), por meio do Centro Amazônico de Formação Indígena (Cafi). A iniciativa tem o objetivo de fortalecer a atuação e desenvolver habilidades das lideranças indígenas, considerando o protagonismo da Amazônia no debate global durante a COP30, que acontece em novembro deste ano em Belém.
O ‘Curso de Formação Estratégica para Lideranças Indígenas’ faz parte do projeto ‘Redes Indígenas da Amazônia’, desenvolvido pela Coiab em parceria com a The Nature Conservancy do Brasil (TNC Brasil) e aporte financeiro do Fundo Amazônia, com o intuito de promover estruturas, ferramentas e capacidades institucionais e técnicas para organizações indígenas da Amazônia brasileira.
A formação terá a duração de três meses, com a participação de lideranças das nove organizações de base da Coiab e integrantes da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (Umiab). Os cursistas terão formação em temas que vão desde a história do movimento indígena, até a legislação e funcionamento do estado brasileiro, passando por temáticas atuais como mudanças climáticas e mercado de carbono, por exemplo.
“O curso de formação tem o objetivo de trabalhar temáticas estratégicas para o movimento indígena, formando lideranças para atuarem de forma eficaz em suas organizações regionais, com capacidade de diálogo, de construção de narrativas e poder de articulação em defesa dos direitos dos povos indígenas, preparados para enfrentar os desafios da contemporaneidade. É como as lideranças costumam falar, antes nós tínhamos o arco e a flecha, hoje precisamos ter a caneta, as ideias e o conhecimento necessários, tanto para escrever quanto para falar em defesa do direito dos povos indígenas. Nossa expectativa é que as lideranças retornem para suas comunidades e apliquem junto às suas organizações o que aprenderam, sendo multiplicadores dos conhecimentos e vivência adquiridos”, explica a gerente do Cafi, Gracinha Manchineri.
O coordenador-geral da Coiab, Toya Manchineri, explica que a formação é estratégica para o movimento indígena, uma vez que a Amazônia assume um papel cada vez mais central nas discussões globais.
“Por meio dessa formação, vamos fortalecer a voz das nossas lideranças para que elas ampliem sua participação e influência em espaços oficiais de decisão, como é o caso da COP30 que vai acontecer dentro da nossa casa, na Amazônia. Esta é uma oportunidade única para que os povos indígenas sejam ouvidos e participem da construção de um futuro mais justo e sustentável. Com base em nossos saberes ancestrais e nosso papel milenar como guardiões da Amazônia, temos que nos preparar para ocupar esses espaços de decisão. O curso representa o compromisso da Coiab e do Cafi no fortalecimento das autoridades indígenas nesses espaços, na COP30 e além”, declara.
Módulos
A formação está dividida em 13 módulos, que serão ministrados por facilitadores especialistas em cada temática. São elas: história dos povos indígenas e o movimento indígena na Amazônia; mediação e análise de conflitos; legislação nacional e internacional; gestão ambiental e territorial; florestas e finanças; funcionamento do estado brasileiro, economia no século XXI e economia indígena; o avanço da extrema-direita e o neoliberalismo; mudanças climáticas, REDD+ jurisdicional, mercado de carbono e governança; elaboração de projetos e gestão de negócios nas organizações indígenas; educação popular e metodologia de educação popular; gênero e povos indígenas; incidência, movimentos sociais e movimento indígena.
Ao longo da formação, os cursistas vão elaborar projetos de captação de recursos para suas organizações regionais de base. Os projetos serão apresentados a possíveis investidores e parceiros da Coiab.
Aula inaugural
A aula inaugural do curso acontece nesta terça-feira, 18 de fevereiro, a partir das 9h (horário de Manaus) com transmissão ao vivo pelas redes sociais da Coiab.
Foto: Pepyaká Krikati