A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) segue sua participação na COP29, incidindo para a ampliação da participação dos povos indígenas nas negociações climáticas. Na terça-feira (12), as lideranças da Amazônia brasileira participaram de painéis que debateram os efeitos das mudanças climáticas nos territórios e as novas economias da floresta.
O primeiro painel, organizado pela RCA, trouxe a temática “As mudanças climáticas chegaram aos nossos territórios ancestrais, e isso não é um problema só nosso”. Reuniu o coordenador-tesoureiro da Coiab, Avanilson Karajá; Luene Karipuna, da Associacão de Mulheres Indígenas em Mutirão do Oiapoque (AMIM); Maurício Yekuana, da Hutukara Associação Yanomami; Jawaruwa Wajãpi, da Apina – Conselho das Aldeias Wajãpi; e Hildete Araújo, da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn).
Luene destacou a insegurança alimentar que afeta seu território, causada pelas mudanças climáticas que alteram os ciclos naturais das plantações da mandioca, por exemplo. Segundo ela, além de afetar a alimentação do seu povo, também impacta a cultura, uma vez que diversas manifestações culturais estão intrinsecamente ligadas a esses alimentos, como o festival do açaí.
Outros efeitos abordados pelos painelistas foram as cheias e secas severas, que impactam não só a alimentação dos povos indígenas, mas também o acesso à saúde, educação e qualidade de vida como um todo.
O segundo painel “Novas economias florestais: estratégias governamentais subnacionais, REDD+ e envolvimento local”, organizado pela Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e as Florestas (GCF) e ART Architecture for REDD+ Transactions, teve a participação de Avanilson Karajá, que abordou as iniciativas da Coiab para formar suas lideranças sobre REDD+, pensando na autonomia e empoderamento dos parentes sobre o temática.
Conforme Avanilson, a formação é essencial para garantir a distribuição equitativa dos ganhos do REDD+. Com o empoderamento por meio da informação, os indígenas se apropriam da temática e deixam de ser meros beneficiários e passam a serem participantes ativos do processo, enfatizando a posição de verdadeiros donos dos territórios ancestrais onde créditos de carbono podem ser negociados.
A participação da Coiab na COP29 é viabilizada por meio da iniciativa ‘Raízes – Fundo de Justiça Climática para Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais’, do Fundo Brasil. Conta ainda com o apoio dos parceiros Avaaz, Uma Gota no Oceano, Instituto Clima e Sociedade (iCS), The Nature Conservancy Brasil (TNC) e World Wide Fund for Nature Brasil (WWF).
Foto: Pepyaká Krikati