Coiab e WWF realizam formação sobre o funcionamento do estado brasileiro para lideranças indígenas dos 9 estados da Amazônia brasileira

O curso reuniu lideranças indígenas da Rede Coiab durante uma semana em Brasília para preparação teórica e prática de incidência política

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Publicada em: 11/07/2022 às 14:30

Aconteceu em Brasília, o Curso de Formação de Lideranças Indígenas: funcionamento do estado brasileiro e incidência política, estavam presentes lideranças indígenas que atuam em suas associações, organizações e movimentos, destacamos a presença da: Associação do Povo Indígena Jiahui (APIJ), Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Mato Grosso (FEPOIMT), Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), Conselho Indígena de Roraima (CIR), Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (COAPIMA), União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB), Organização dos Povos Indígenas de Rondônia, Noroeste do Mato-Grosso e Sul do Amazonas (OPIROMA), Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do Médio Purus (FOCIMP), Federação dos Povos Indígenas do Pará (FEPIPA), Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará (APOIANP), Associação Manxinerune Tsihi Pukte Hajene (MATPHA), Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins (ARPIT).

O Projeto Amazônia Indígena: direitos e recursos (AIRR) é um projeto amplo que trabalha com vários parceiros na bacia Amazônica, no Brasil tem a parceria da COIAB e sua rede organizações, de atuação pontual nas regiões de abrangência da Federação dos Povos Indígenas do Pará (FEPIPA) e Federação dos Povos Indígenas do Mato Grosso (FEPOIMT). “Nossas ações têm sido voltadas para as atividades do fortalecimento da economia indígena, o monitoramento Territorial em Terras Indígenas, e a incidência política, então o curso de formação irá fortalecer o conhecimento das lideranças indígenas para entender melhor como funciona a estrutura do estado brasileiro, e assim fazer a incidência política com qualidade e eficiência. A meu ver, é papel da Coiab fortalecer sua rede de organizações de base, com conhecimento, e, descentralizando o poder. Mas também, fortalecendo e preparando uma nova geração de lideranças e lideranças indígenas, ou seja, plantando novas sementes para o presente e futuro, como foi a participação do jovem Ruwi Manchineri, acadêmico da Ufac e representante da Matpha, Tsamie Xavante, jovem coordenador da comunicação da Fepoimt e Mônica tembé, jovem comunicadora indígena representante da Fepipa”, coordenador de área e território e recursos naturais da Coica, Toya Manchineri.

O AIRR entende a necessidade de fortalecer os povos indígenas com o conhecimento dos seus direitos, as habilidades, ferramentas e acesso necessários para fazer valer os seus direitos, bem como mecanismos para influenciar o desenvolvimento em suas comunidades. Unindo o diálogo intergeracional a partir da formação em incidência política e formação de jovens comunicadores indígenas nas áreas de abrangência do projeto.

“Essa formação foi um evento de muita importância, do ponto de vista, do projeto Amazônia Indígena Direitos e Recursos (AIRR) e também enquanto parceria da agenda socioambiental. A questão principal é que ações como essa devem gerar cada vez mais um processo de participação das organizações indígenas, no que se refere a construção da agenda, escolha dos conteúdos, essa formação é uma demanda das organizações indígenas, principalmente porque no início estávamos presenciando um processo de retrocesso a nível nacional, então foi estratégia das organizações pensar nessa temática”, Bruno Taitson, analista de políticas públicas do WWF Brasil.

A programação contou com espaços de formação teórica e prática, as visitas iniciaram a partir de diálogo com o Movimento Sem Terra (MST), prosseguiu com tema incidência no legislativo e a prática com visita às comissões permanentes na câmara federal. As lideranças ocuparam espaço de fala durante a audiência pública sobre infraestrutura e integração regional.

“O desenvolvimento do país deve observar as pessoas que vivem nos territórios, nós povos indígenas não somos contra o desenvolvimento do país, mas precisamos apontar que os nossos recursos naturais sejam usados de forma sábia, a fim de que as futuras gerações possam usufruir dessa biodiversidade”, Toya Manchineri durante a plenária.

Na ocasião, a liderança indígena do Tocantins assertivamente propôs aos deputados presentes a possibilidade de inserção dos povos indígenas nos concursos públicos. “Em nossa última reunião, estávamos conversando com as lideranças como seria a viabilidade para se criar uma lei para criação de cotas para indígenas nos concursos públicos, principalmente nos órgãos de atuação direta com os povos indígenas”, Vanicleisson Karajá, representante da Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins (Arpit).

Joenia Wapichana, deputada federal propôs a formação das lideranças e falou sobre a importância de eleger mais representatividades indígenas. “Precisamos eleger mais parlamentares indígenas, esses últimos anos têm sido difíceis para nós. Aqui no parlamento temos 513 deputados federais, sendo apenas 1 deputada indígena, apenas 78 mulheres desse universo, representando 15% de representatividade feminina”, ressaltou a parlamentar do povo Wapichana do estado de Roraima.

O curso apresentou e discutiu, de forma teórica e prática, ferramentas para fomentar políticas públicas em diferentes esferas no estado brasileiro: Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, municípios, estados e União, além de incidência internacional. O curso é de realização da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) com apoio da WWF Brasil, no âmbito do projeto Amazônia Indígena Direitos e Recursos (AIRR) e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).