A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) vem a público manifestar veementemente seu REPÚDIO e todo apoio ao povo Kinja (Waimiri-Atroari) contra a medida publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (28/02/2019), que visa única e exclusivamente o aceleramento das obras da linha de transmissão Manaus (AM) – Boa Vista (RR), sem o mínimo respeito aos direitos dos povos indígenas e com o pretexto do relevante interesse nacional.
Com essa medida o Governo Federal, através do Conselho de Defesa Nacional (CDN) formado apenas pela cúpula do governo federal e do poder legislativo, buscam re-editar as práticas criminosas de esbulho e extermínio cometidas contra os nossos povos, especificamente contra os Kinja, durante o regime militar, quando helicópteros que sobrevoaram as aldeias na época derramaram veneno e detonaram explosivos sobre centenas de indígenas reunidos e com ataques a tiros, esfaqueamentos e degolações violentas praticadas por militares contra indígenas, tudo isso em nome do “desenvolvimento” e da “defesa nacional”.
Diante desse posicionamento mais uma vez configura-se no país um estado de exceção, onde os povos indígenas continuam sendo considerados um empecilho ao desenvolvimento do país e em nome da soberania tem que ser ignorados ou eliminados e fadados a morreram, pois como naqueles tempos das décadas de 60 e 70, o poder econômico quer mais uma vez tomar conta ilegalmente das terras indígenas, nem que para isso seja preciso manipular ou burlar a legislação vigente, nacional e internacional, de proteção e promoção dos direitos indígenas, como a Convenção 169 da OIT e a Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas da ONU. E ainda, nesse contexto, continuam a defender a “integração” gradual, senão forçada, desses povos à chamada cultura nacional e às supostas benesses do retórico “desenvolvimento sustentável”.
Diante desse cenário a COIAB reafirma sua postura contrária a ofensiva do governo do presidente Jair Bolsonaro que insiste em não ouvir e dialogar com os povos indígenas, erguendo dessa forma uma bandeira de desrespeito e afronta com a história da própria nação que tanta exalta; e criando um abismo entre os povos originários do Brasil e as políticas públicas em diversas instâncias do governo.
Dessa forma conclamamos a nossa base do movimento indígena da Amazônia brasileira, povos, organizações indígenas, organizações e movimentos sociais, assim como todos os setores da sociedade que visam e lutam por um país menos desigual e mais humano, a se somarem nesta luta irrenunciável em favor dos Kinjas e da resistência e continuidade dos povos indígenas, a integridade de seus territórios e do meio ambiente.
[font=Arial, sans-serif]Pelo bem viver de todos e todas, do planeta e da humanidade! [/font][font=Arial, sans-serif]Não ao genocídio dos nossos povos![/font]