Amazônia e Palestina unem vozes por justiça e resistência na COP30

Por: Antônio Marinho Piratapuya

Publicada em: 12/11/2025 às 07:11

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) participou, na terça-feira (11), do painel “Práticas Coloniais de Exploração e Estratégias de Resistência nos Territórios”, promovido pelo Instituto Palestino de Diplomacia Pública durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA).

O encontro reuniu lideranças indígenas e a delegação da Palestina no Pavilhão da Cultura, localizado na Zona Azul da conferência. O momento foi marcado por trocas profundas sobre resistência, colonialismo e solidariedade entre povos que enfrentam a invasão e a destruição de seus territórios.

Durante o painel, Alana Manchineri, assessora internacional da Coiab, destacou a solidariedade do movimento indígena amazônico à luta do povo palestino.

“É uma honra receber vocês na Amazônia, nossa casa, o coração vivo da Terra. Para nós, povos indígenas, a terra não é propriedade, é mãe. Sabemos que vocês também lutam por uma terra sagrada. Nossas lutas nascem do mesmo lugar: o direito de existir e permanecer no território. O que acontece na Palestina ecoa na Amazônia. Ambos enfrentamos a destruição de nossos territórios pela guerra, pela ganância e pelo extrativismo. O colonialismo é o mesmo inimigo, muda de rosto, mas continua expulsando, matando e explorando. Estamos unidos pela dor, mas também pela esperança e pela resistência”.

Painel Práticas Coloniais de Exploração e Estratégias de Resistência nos Territórios. Foto: Kaiti Gavião

Ela reforçou que a defesa da Amazônia e da Palestina é uma luta comum pela vida e pela dignidade humana.

“O desmatamento e os ataques às terras indígenas também são ataques à humanidade. Quando a Amazônia é ferida, o planeta inteiro sofre, assim quando o povo palestino é impedido de viver em paz em sua própria terra. Defender a Amazônia e defender a Palestina é defender o direito de respirar, de sonhar, de existir com dignidade”.

Alana enfatizou ainda a importância de a COP30 ouvir os povos e movimentos sociais, não apenas os governos, e reforçou o chamado coletivo da campanha “A resposta somos nós”, uma iniciativa que une vozes e territórios em resistência à destruição ambiental e à violência colonial.

Nesta semana, o movimento indígena amazônico também participará do show “A Resposta Somos Nós”, em São Paulo, ao lado da banda Massive Attack, reconhecida por seu engajamento nas causas da Palestina e, agora, também na luta dos povos indígenas.

“O movimento indígena da Amazônia ocupa esse palco como parte da mesma luta global pela vida e pela justiça. Porque não há justiça climática sem justiça para os povos e não há futuro possível sem solidariedade global. Da Amazônia à Palestina, enquanto houver uma semente viva e um povo que resiste, o futuro ainda é possível”, finalizou Alana.

O painel contou com as participações de Rula Shadeed, jurista palestina e co-diretora do Instituto Palestino de Diplomacia Pública, de um representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e teve moderação de Badra El Cheikh, do Instituto Palestino de Diplomacia Pública.

Fotos: Kaiti Gavião