Liderança indígena do Pará debate juventude e resiliência climática na COP29

Ronaldo Amanayé pediu mais ações e menos discurso para combater os efeitos das mudanças climáticas

Por: Valdeniza Vasques

Publicada em: 12/11/2024 às 08:25

O papel dos povos indígenas e da juventude na construção da resiliência climática foi tema de um painel na COP29 nesta segunda-feira (11), no Pavilhão da Resistência. Entre os participantes, esteve a liderança e coordenador-tesoureiro da Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa), organização de base da Coiab, Ronaldo Amanayé. Durante sua apresentação, a liderança defendeu mais ações e menos discurso na hora de combater os efeitos das mudanças climáticas.

“Estamos lutando, reivindicando e cobrando efetividade em políticas públicas para proteger nossos territórios. Enquanto organizações, estamos qualificando nossas lideranças e juventude, homens e mulheres, para que sejam guardiões e guardiãs da natureza, levando sempre a importância dos nossos territórios para o equilíbrio climático do planeta”, afirmou Ronaldo.

Participaram do painel João Paulo Soares Silva, do Preserving Legacies, e Matthaeus Menezes Assef, da Coalizão Nacional de Juventudes pelo Clima e Meio Ambiente (Conjuclima). João Paulo abordou a importância da herança cultural para a formação dos jovens, que pode criar um legado intergeracional para a resiliência climática. Já Matthaeus apresentou as ações do Conjuclima, destacando a luta por representatividade política dos jovens no Brasil em diversas esferas, como o meio ambiente e a educação. O painel foi mediado por Margaret Impraim, da Green Africa Youth Organization (GAYO).

Ronaldo citou iniciativas da Fepipa e da Coiab para formar as lideranças e a juventude em temáticas ligadas à pauta climática, como os mecanismos de REDD+ jurisdicional, por exemplo. Ele também citou o planejamento estratégico de comunicação da Coiab para a agenda climática rumo à COP30.

A liderança enfatizou o atual cenário de queimadas da Amazônia brasileira, que está afetando os territórios indígenas. O trabalho das brigadas indígenas para combater o fogo foi ressaltado. Ronaldo relembrou a importância da demarcação das terras indígenas como política climática.

“Não é apenas demarcar, é também proteger. O processo de demarcação de territórios é um processo importante”, destacou, ao falar sobre a necessidade do governo oferecer suporte e proteção nos processos demarcatórios.

A participação da Coiab na COP29 é viabilizada por meio da iniciativa ‘Raízes – Fundo de Justiça Climática para Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais’, do Fundo Brasil. Conta ainda com o apoio dos parceiros Avaaz, Uma Gota no Oceano, Instituto Clima e Sociedade (iCS), The Nature Conservancy Brasil (TNC) e World Wide Fund for Nature Brasil (WWF).

Fotos: Pepyaká Krikati