A Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica), que vem atravessando uma crise política interna muito séria de divisão e tentativa de manipulação dos direitos coletivos em detrimento de interesses isolados, desrespeita o estatuto que se refere à participação das organizações-membro dos países ao dialogar sobre políticas que envolvem a Amazônia brasileira sem a presença da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
Existem inúmeras tentativas de diálogo interno por meio de cartas oficiais direcionadas a essa “nova coordenação”, informando e orientando sobre a realização de agendas de interesse da Coiab envolvendo a COICA. Realizar agendas e debates sobre a Amazônia brasileira sem a participação da Coiab é inadmissível e desrespeitosa. Sugerimos diversas vezes que se realize um encontro entre as nove organizações membros para solucionar essa problemática, e essa solicitação foi negada.
Com desrespeito, o grupo liderado pela Sra. Fany Kuiro, da Colômbia e o Sr. Gregório Mirabal, da Venezuela, realizou durante os dias 18 a 20 de junho, evento em nome da Coica em Belém do Pará, região de atuação da Coiab.
Lamentamos profundamente essa tentativa de causar conflitos internos no Brasil. A Coica é sabedora de todos os desafios que os povos indígenas do Brasil enfrentam há muitos anos, sobretudo com o resultado do relatório 80×25 que demonstra que o Brasil e o Peru são dois países que possuem uma alta taxa de assassinatos e desmatamentos, necessitando cada vez mais apoio e fortalecimento de suas organizações.
Mantemos firme o nosso interesse e posicionamento em resolver tão logo essa situação, reunindo as organizações dos nove países membros oficiais da COICA.
Temos como referência o que aconteceu com a organização da Bolívia, onde pessoas com interesses individuais estimularam divisão e conflito no país. A Coiab é grande e os desafios da Amazônia são inúmeros, sobretudo em defesa de nossas próprias vidas. Portanto, nossa solicitação é que nossos parceiros não apoiem agendas que irão promover esse desrespeito, ou fortalecer a ilegitimidade e as desavenças políticas e não estatutárias.
Reiteramos que nós povos indígenas do Brasil, especificamente da Amazônia brasileira, estamos de braços abertos para receber nossos irmãos indígenas de todo o planeta, contanto que sejam respeitadas as nossas organizações, autonomia e autodeterminação em nosso movimento.
Nosso compromisso é com a Coica, considerada sob perspectiva de composição de nove organizações de países com poder decisório considerado na Assembleia que deve ser regularmente convocada e realizada, respeitados os princípios democráticos previstos no Estatuto e com respeito à autonomia e autodeterminação dos povos e suas organizações.
Suposta “nova coordenação” da COICA não tem legitimidade para avançar agenda sobre a Amazônia brasileira sem diálogo com a Coiab
Mesmo grupo que vem causando sérios conflitos e divisão no Equador, realiza evento no país e na região da área de atuação da COIAB e desrespeita a participação dos líderes indígenas da Amazônia Brasileira agindo contra o estatuto da Coica
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