Coiab realiza oficina sobre “Mulheres Indígenas da Amazônia e o enfrentamento à Violência de Gênero”

Representantes de 7 estados amazônicos se reuniram entre os dias 24 e 26 de maio, em Manaus, no encontro que discutiu estratégias de enfrentamento à Violência contra mulheres indígenas

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Publicada em: 28/05/2022 às 00:00

O índice de violência contra a mulher dentro do ambiente familiar obteve um aumento significativo no último ano, segundo a última pesquisa do Datafolha publicada no ano de 2021, a pandemia foi um fator agravante nessa questão. A pesquisa não fez o recorte para mulheres indígenas e negras, invisibilizando ainda mais essas vidas. Para debater essa questão no contexto de mulheres indígenas, a oficina “Mulheres Indígenas da Amazônia e o enfrentamento à Violência de Gênero” foi realizada entre os dias 24 e 26 de maio, em Manaus.

O evento é uma realização da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) com apoio da Terre Solidaire (CCFD). Mulheres indígenas representando os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão estiveram reunidas nesses 3 dias de discussão. “A Coiab vem criando espaços de diálogos entre as mulheres indígenas da Amazônia brasileira para construção de estratégias de enfrentamento a todo e qualquer tipo de violência, com o objetivo de fortalecer e/ou criar as redes de apoio locais que envolvam soluções coletivas” afirmou Maria Baré, gerente de projetos da Coiab.

Com oficinas direcionadas para esse tema, o encontro teve o objetivo de ouvir as mulheres indígenas e o contexto da sua região para em seguida debater as formas de enfrentamento à violência, e também o fortalecimento de redes de apoio e proteção para mulheres indígenas. ”A Coiab junto a Umiab vem dando esse apoio através de seminários e oficinas para conscientizar cada uma de nós sobre o tema de violência, e também para sermos multiplicadores a partir desses eventos, fazendo um trabalho de formiguinhas dentro das comunidades indígenas. Estamos nos preparando através das oficinas e das leis para que a gente possa estar junto com as lideranças combatendo a violência de gênero” afirmou Edina Shanenawa, coordenadora da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (Umiab).

Cris Baré, que faz parte da Rede de Advogados Indígenas da Amazônia, esclareceu 3 pontos importantes que ela abordou nas oficinas:

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  • A informação
[/ml]Esse encontro procura preparar as lideranças mulheres para enfrentar essa temática sobre a violência, apresentando a legislação e demais normas para que elas tenham conhecimento dos seus direitos e assim se apropriem desses mecanismos de proteção para combater a violência. Dessa forma trazemos o conhecimento do não-indígena para buscarmos formas de aplicar esse conhecimento nas nossas comunidades respeitando as especificidades que cada povo indígena possui.

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  • A Culturalização da violência entre os povos indígenas
[/ml]A questão da Culturalização da violência, que muitas vezes fazem mulheres que sofrem agressões se calarem simplesmente porque dizem que a violência é cultural e normal entre os povos indígenas, não é verdade. A cultura da violência é uma questão que vem lá de trás da própria colonização do país, foi trazido pelos colonizadores esse papel de que as mulheres sempre são submissas e que tem que aceitar tudo que é imposto para ela. Então a gente tem feito essa conscientização para as mulheres não aceitem essa definição criada apenas para mascarar a violência nos territórios, ao mesmo tempo entendemos a necessidade de conscientizar também os homens indígenas, combatendo esse pensamento de que a violência é cultural.

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  • A Rede de Apoio
[/ml]A violência de gênero ainda é um assunto falado timidamente pelas mulheres indígenas, que muitas vezes não conseguem pedir ajuda ou denunciar, pela realidade que vivem, por isso estamos fortalecendo uma Rede de Apoio, para que elas possam contar com essa ajuda.

As organizações regionais de base da COIAB representadas pelas mulheres presentes são: UMIAB – União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira
Makira E’ta – Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas
AGIR – Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia
AMIMA – Associação das Mulheres Indígenas do Maranhão
ARPIT – Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins
TAKINA – organização de Mulheres Indígenas do Mato Grosso
APOIAMP – Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará

O evento contou com a participação virtual da ONU Mulheres.