COIAB aciona MPF para investigar morte e estupro de indígena de 12 anos e desaparecimento de bebê indígena do Povo Yanomami

O caso foi denunciado pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana - CONDISIYY

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Publicada em: 28/04/2022 às 00:00

Durante a noite da segunda-feira (25), o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana – CONDISIYY, Junior Yanomami denunciou através de sua rede social a violência sofrida pelo povo Yanomami da comunidade Araçaca na região WAIKAS (T.I Yanomami) por garimpeiros no estado de Roraima.

Segundo as informações das lideranças indígenas, os garimpeiros invadiram a comunidade, estupraram uma adolescente de 12 anos, ocasionando sua morte, e sequestraram uma mulher com um bebê, a criança ainda está desaparecida.

Mediante informações recebidas através da denúncia feita pela liderança do povo Yanomami, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) acionou o Ministério Público Federal (MPF) para cobrar a instauração de inquérito para investigar o homicídio da menina indígena de 12 anos e o desaparecimento do bebê indígena, identificando-se os autores dos atentados, para ao final oferecer a denúncia.

“Vale ressaltar que o povo Yanomami são beneficiários de uma medida cautelar (35/2020) deferida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), em maio de 2021 o Supremo Tribunal Federal deu outra decisão determinando a adoção de todas as medidas de segurança e mesmo assim o governo federal junto a FUNAI não tem implementado essa proteção”, reforça Dr. Eloy Terena, assessor jurídico da Coiab.

Segundo o advogado indígena, a Coiab também solicita a instauração de inquérito para averiguar a responsabilidade dos agentes públicos como FUNAI, SESAI e Polícia Federal que não estão adotando as medidas necessárias para a proteção da vida do povo indígena Yanomami.

Este não é um caso isolado de violência contra o povo Yanomami, de acordo com o relatório Yanomami sob ataque: garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo, [/i]da Hutukara Associação Yanomami, em 2020 dois indígenas foram assassinados em conflito próximo a uma pista clandestina. Em 15 de maio de 2021 ocorreu a morte de duas crianças no Palimiú após ataque de garimpeiros. Além disso é de conhecimento das autoridades competentes as inúmeras denúncias de violências sofridas pelo povo Yanomami, que vem sofrendo com a contaminação de mercúrio nos rios causado pelo garimpo ilegal.

A Coiab exige que o estado brasileiro se responsabilize e cumpra as medidas de segurança para o povo Yanomami e requer a abertura de um inquérito para investigar a morte da criança de 12 e o desaparecimento do bebê indígena.
Repudiamos todo ato de violência cometido contra o povo Yanomami e esperamos resposta do poder público para tamanha barbárie sofrido por esse povo.

Nenhuma gota de sangue indígena a mais! Vidas indígenas importam!

Veja a ação na íntegra