A Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará –APOIANP, organização legítima dos povosindígenas da nossa região, que abrange os povos e organizações das Terras Indígenas Uaçá, Juminã, Galibi e Waiãpi localizadas respectivamente nos municípios de Oiapoque e Pedra Branca do Amaparí, no Estado do Amapá; e as Terras indígenas Rio Paru D’Este e Parque Indígena do Tumucumaque localizadas nos municípios de Oriximiná, Óbidos, Almerim, Alenquer e Monte Alegre, ao norte do Estado do Pará; vimos a público manifestar nosso REPÚDIO e INDIGNAÇÃO diante da tentativa cínica e descarada do atual governo, em querer intimidar, ao lançare ressuscitar em plena aldeia Missão Tiriyós, na TI Parque do Tumucumaque o antigo e falecido Programa Calha Norte, com o título Projeto Barão do Rio Branco, que visa construir um pacote de maléficos empreendimentos (Hidrelétrica, Estrada e Ponte) em uma das regiões mais preservadas da nossa Amazônia e sem o mínimo respeito a sócio-biodiversidade e aos habitantes daquela região.
Nós, povos indígenas do Amapá e norte do Pará –que habitamos as terras muito antes da invasão do Brasil e do consequente genocídio promovido aos nossos antepassados – manifestamos aqui nossa preocupação com as tentativas “obscuras” e “veladas” do atual governo federal em “ressuscitar” as concepções de “segurança nacional” na Amazônia brasileira por meio da construção de rodovias, barragens, hidrelétricas entre outras propostas impositivas e que visam tão somente contribuir para a exploração capitalista de setores que financiam o atual governo. Entendemos que a política indigenista do atual governo vem sendo conduzida por ideologias conservadoras, ultrapassadas e preconceituosas, que ferem a Constituição Federal Brasileira de 1988 e o que preconiza a Convenção 169 da OIT na defesa e direito dos povos indígenas.
Compreendemos que as ações políticas de gabinete e fragmentadas do atual governo ameaçam a nossa integridade, povos originários deste país e retrocedem na manutenção das conquistas sociais das chamadas “minorias étnicas”. Não aceitamos ser novamente envolvidos pelas ideias escusas e oportunistas de “integração do índio à sociedade nacional” e, sob hipótese alguma, não admitimos que o governo decida como devemos viver e como devemos conduzir a organização de nossas sociedades e terras. Somos responsáveis cotidianamente pela manutenção e preservação do bioma amazônico, não admitimos que o governo e setores da economia interfiram na gestão de nossas terras, territórios e territorialidades ancestrais.
As ações políticas deste governo não podem ressuscitar projetos do passado recente – sem que sejamos consultados – e que visa apenas sangrar nossas terras e vidas para beneficiar setores e interesses econômicos de uma minoria deste país e do capital estrangeiro, como os empresários do agronegócio e da mineração.
Diante dessas e de muitas ameaças que ainda virão é que a APOIANP, juntamente com a sua base vem manifestar que seguiremos firmes na luta pela defesa dos nossos direitos e dos nossos territórios – e nos somamos ao movimento indígena da Amazônia Brasileira através da COIAB e ao movimento indígena nacional em nome da APIB, para fortalecer as nossas lutas e seguirmos a nossa caminhada pelo bem viver.
Macapá/AP, 17 de fevereiro de 2019. Demarcação Já e Não ao Retrocesso!Sangue Indígena, Nenhuma Gota a Mais!
Simone Vidal dos Santos
Coordenadora Executiva – Região Oiapoque
Kutanan Waiana Apalai
Coordenador Executivo Região Paru D’Este
Demétrio Amesipa Tiriyó
CoordenadorExecutivo – Região Tumucumaque
Makaratu Waiãpi
Coordenador Executivo – Região Waiãpi