No dia 31/01, povos indígenas de várias regiões do Brasil marcaram presença em manifestações contra a MP 870, que altera a coordenação da Funai do Ministério da Justiça para o da agricultura.
A campanha “Sangue indígena, nenhuma gota a mais”, reuniu organizações indígenas em cinquenta protestos nos estados do Mato Grosso, São Paulo, Pará, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul, Ceará, Goiás, Amapá, Rio de Janeiro e Bahia. Em Brasília, o ato, sob coordenação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), foi em frente ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que é a nova pasta que supervisiona a Fundação Nacional do Índio (Funai).
Aprovada no primeiro dia de mandato do presidente Jair Bolsonaro, a medida provisória transferiu a supervisão da Funai e a levou ao ministério que coordena o agronegócio brasileiro. Essa mudança tem ocasionado receio nas populações indígenas que vivem em áreas não demarcadas, visto que uma pasta com interesses tão distintos ao da Funai pode acarretar políticas que podem vir a negar o direito territorial desses povos.
A coordenadora da Apib, Sônia Guajajara, participou do ato organizado na última quinta-feira e em entrevista ao portal de notícias Brasil 247 ela falou sobre os objetivos do protesto. “Trazer a demarcação de terras pro Mapa é uma demonstração clara deste governo de que não vai mais demarcar terra indígena no país, porque esse ministério está entregue ao agronegócio. Não é somente uma transferência, mas uma decisão de impedir as demarcações”, afirmou.
Os manifestantes cobraram também um maior posicionamento do poder legislativo. Uma das aliadas na causa que pretende trazer essa discussão ao Congresso Nacional é a deputada Joênia Wapichana (Rede-RR), a primeira indígena(link) a ocupar esse cargo.
O movimento indígena também contou com o apoio internacional, tendo protestos nos Estados Unidos, Portugal, Escócia, Reino Unido, Canadá, França e Suíça.
Insegurança
Segundo dados da Apib, desde do início de janeiro pelo menos seis invasões foram confirmadas em territórios dos povos tradicionais em diferentes regiões do país. Uma das aldeias que estão com receio da postura do novo governo é a Paranapuã do povo Parapoty Nhendua, localizada no município de São Vicente, no litoral do estado de São Paulo. Sem uma terra demarcada eles atualmente moram em um parque da cidade.