Conheça a primeira deputada federal indígena

Após 31 anos o Congresso Nacional volta a ter essa representatividade

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Publicada em: 23/11/2018 às 16:20

As eleições de 2018 trouxeram novas caras para a política e entre elas está a indígena e advogada Joênia Batista de Carvalho, eleita deputada federal pelo estado de Roraima. Antes dela apenas Mário Juruna ocupou o mesmo cargo até 1987.

Militante pelas causas indígenas há mais de 20 anos, ela é filiada ao partido Rede Sustentabilidade e recebeu no total de 8491 votos na eleição deste ano. Tornando assim umas 77 mulheres eleitas, fazendo parte dos 15% do total de 513 cadeiras no Congresso Nacional. Com uma campanha de custo baixo comparável aos deputados mais conhecidos, ela gastou R$ 170 mil, sendo R$150 mil do fundo partidário e R$22 mil de apoiadores indígenas e não-indígenas.

Conheça

Nascida na terra indígena de Wapixana, Joênia mudou-se junto com a mãe aos oito anos para Boa Vista, capital do estado de Roraima. Foi lá que concluiu os estudos, trabalhou inicialmente com contabilidade e ingressou na faculdade. Nesse momento na história da deputada que começou a trajetória de pioneirismo, sendo a primeira indígena a cursar Direito na Universidade Federal de Roraima, a primeira a concluir mestrado em Direito na Universidade do Arizona,EUA, a primeira presidente da Comissão de Direitos dos Povos indígenas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a primeira indígena a discursar no STF em 2008.

Sempre tendo as causas indígenas como foco, ela foi umas das defensoras da legalidade e homologação dos limites contínuos da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, no qual ela ajudou a demarcar. Joênia também manteve participação no departamento jurídico do Conselho Indígena de Roraima (CIR) e na defesa de direitos de índios à posse de suas terras na Região Norte do Brasil.

Entre as principais propostas dela é emplacar o projeto do Estatuto dos Povos Indígenas que está engavetado há anos e enfatizar políticas públicas que promovam a autonomia feminina e a sustentabilidade das atividades tradicionais. Além de buscar soluções energéticas para o estado de Roraima, que há 17 anos é o único estado do Brasil que não tem uma produção de energia própria, dependendo unicamente da Venezuela como fonte de abastecimento.